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De Resenha

'O Rabo e a Porca' é um retrato tragicômico de muitas mães brasileiras

Sem texto falado, o espetáculo aborda questões sobre as consequências do machismo e dos conflitos geracionais entre uma mãe-solo e sua filha

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Arlon Souza

22/09/2023 às 18:00 - há XX semanas
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					'O Rabo e a Porca' é um retrato tragicômico de muitas mães brasileiras
Foto: Amanda Tropicana / Divulgação

Aicha Marques, atriz que este ano completa 30 anos de carreira, retoma com a montagem de “O Rabo e a Porca”, mais uma proposta de encenação calcada no teatro físico, visual e gestual, através da qual reativa uma relação consistente de prática e pesquisa de um teatro não-falado, não-verbal.

Vale a pena relembrar que foi justamente atuando num trabalho de estética semelhante, “Uma Vez, Nada Mais”, que a artista foi reconhecida em 2010 pelo Prêmio Braskem de Teatro - na época, ela também levou o troféu na categoria Espetáculo Adulto.

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Este ano, juntamente com a atriz Manu Santiago, ela volta a ser indicada à categoria atriz, além de direção (para João Lima) e novamente espetáculo adulto.

Em “O Rabo e a Porca”, Aicha Marques vive o papel de “uma artista de cabaré decadente que teve uma filha, fruto de uma relação machista, da qual decide se libertar, restando-lhe perambular pela vida sem teto e enlaçada com sua cria, trazendo à cena sutilezas e sofrimentos que nascem das relações marcadas por opressão e dependência emocional. Atormentada pelo fantasma do pai da filha, a personagem de Aicha suscita reflexões sobre machismo, patriarcado, alienação parental e perda de identidade feminina”, descreve uma parte da sinopse.

A peça é ao mesmo tempo uma crítica social, que muito dialoga com a realidade brasileira. Uma trama intrigante, íntima, umbilical e, em certa medida, traumática, entre mãe e filha. É perceptível a tradução da condição e a classe social das personagens, num contexto comum a muitas mulheres brasileiras. A abordagem de temas atemporais, de situações que atravessam os séculos, como a educação de filhos por mães-solo e os conflitos geracionais familiares. A dificuldade de desapego, a carência materna, a incapacidade de aceitação da transição da filha para a idade adulta, entre outros dramas familiares universais.

Imerso nessa linguagem não-verbal, o jogo cênico se vale de códigos e movimentos cotidianos, de rápida compreensão e efeito cômico. Nesse contexto, constrói essa dramaturgia através de elementos, aparatos e pilares diversos, como o teatro de bonecos, o teatro de máscara, a técnica do palhaço, no contato improvisação e, possivelmente, se inspira nas metáforas dos desenhos animados e do cinema-mudo.

Uma obra clownesca, de nuances surrealistas e absurdas. Um sistema de ilusão de ótica bem estruturado. Nessa perspectiva, a cena depende muito do ângulo e do plano de visualidade, para a construção de um efeito ilusionista.

A trilha sonora compõe uma atmosfera dramática e polifônica, num fluxo constante de ambiência e sonoplastia das ações das personagens, dando o tom de suspense, nonsense, incorporando elementos de um universo mítico, onírico.

Já a mobilidade e a modulação do cenário são muito apropriados ao ritmo e ao vocabulário coreográfico do espetáculo. Caixas e caixotes que se transmutam e se ressignificam para contar uma história de muitas camadas de humor, romance, crítica social e poesia. Emocionante e surpreendente.

“O Rabo e a Porca”

  • Quando: de 22 de setembro a 08 de outubro, sextas, sábados e domingos, às 20h
  • Onde: Sala do Coro do Teatro Castro Alves Quanto: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia)
  • Classificação indicativa: 14 anos
  • Os ingressos para o espetáculo podem ser adquiridos na bilheteria do Teatro Castro Alves ou no site e aplicativo da Sympla.

Ficha Técnica

  • Roteiro: Aicha Marques
  • Direção: João Lima
  • Elenco: Aicha Marques e Manu Santiago
  • Produtora: Multi Planejamento Cultural
  • Direção de Produção: Renata Hasselman
  • Produção Executiva: Iajima Silena e Silvana Hart
  • Cenário e Direção de Arte: Mauricio Pedrosa
  • Cenógrafo associado: Yoshi Aguiar
  • Cinotécnicos: Deilton José, Yoshi Aguiar, Maria Clara, Tarcio Pinheiro, Jeff Cruz, Pássaro Daniela.
  • Carpintaria: Marcio Carvalho
  • Empresa de Cenotecnia: Daka Shola Ateliê Criativo e Ateliê Cenográfico Mauricio Pedrosa
  • Bonecos: Maurício Pedrosa e Luí Santana
  • Máscaras e adereços: Maurício Pedrosa, Tom França, João Lima
  • Costura cênica: Jaine Alecrim e Márcia Calazans
  • Figurino e Visagismo: Luiz Santana
  • Iluminação: Luciana Liege
  • Trilha Sonora: Jelber Oliveira
Imagem ilustrativa da coluna De Resenha
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