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DE RESENHA

O levante do encenador baiano Márcio Meirelles em São Paulo

Comemorando 50 anos de carreira, o diretor estreia no Teatro Antunes Filho, no SESC Vila Mariana, o espetáculo musical “Uma Leitura dos Búzios”

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Arlon Souza

18/11/2022 às 18:00 • Atualizada em 23/11/2022 às 12:23 - há XX semanas
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					O levante do encenador baiano Márcio Meirelles em São Paulo
Foto: Tiago Lima

Há três meses o encenador Márcio Meirelles reside em São Paulo. Lá, ele conduz um processo de montagem à convite de Danilo Santos de Miranda (diretor regional do SESC/SP), para abordar nos palcos uma versão contemporânea de um dos levantes populares mais importantes no processo de independência da Bahia e do Brasil: A Revolta dos Búzios.

A também intitulada Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates ocorreu em Salvador, em 1798, e foi inspirado nos ideais da Revolução Francesa e na Revolta de São Domingos, atual Haiti.

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O novo espetáculo, “Uma Leitura dos Búzios” estreia nesta sexta (18) e segue até o dia 29 de janeiro, no Teatro Antunes Filho - localizado no SESC Vila Mariana (SP).

Idealizado pelo SESC São Paulo, o projeto de uma peça de teatro musical sobre o levante soteropolitano ganha vida através de diversas gerações de artistas baianos e de outras regiões do Brasil, que para além da reflexão sobre o legado desse fato histórico manifestam também outras questões e demandas de grupos sociais na atualidade.


				
					O levante do encenador baiano Márcio Meirelles em São Paulo
Foto: Tiago Lima

Uma perspectiva observada pelo diretor é sobre a presença e atuação feminina durante a Revolta. E não há como se dissociar da pauta étnico-racial e dos atos e movimentos racistas que afligem a população brasileira até hoje. E como a obra propõe: despertar uma olhar crítico sobre a manipulação da história, a desigualdade social e as mazelas do colonialismo e da escravidão.

Com texto e dramaturgia de Mônica Santana, direção de movimento de Cristina Castro, música de João Milet Meirelles e vídeo de Rafael Grilo, o espetáculo reúne 30 artistas em cena. Dezessete deles selecionados através de oficinas e audições, 10 convidados e três músicos. Nomes conhecidos da cena cultural baiana, como Chica Carelli, Virgínia Rodrigues, Jackson Costa, Lúcio Tranchesi, Amaurih Oliveira, entre outros atores. Inclusive, do Bando de Teatro Olodum e da Universidade Livre do Teatro Vila Velha (programa de formação de atores criado por Meirelles em 2013). 

O encenador se cercou ainda de colaboradores que o acompanham nessa trajetória, como a diretora e coreógrafa Cristina Castro. Essa parceria já dura 25 anos, assinando os processos coreográficos de outros espectáculos que marcam os 50 anos de carreira de Meirelles, como: “A Ópera dos Três Mirréis” (1996) “Um Tal de Dom Quixote” (1998), “Auto Retrato Aos 40” (2004), “Sonho de Uma Noite de Verão” (2006), “Por Que Hécuba” (2014) e “A Tempestade” (2020). Além desses, uma série de outros trabalhos nos quais a artista assume a direção de movimento, assim como em “Uma Leitura dos Búzios” - onde criou um vocabulário de movimento orgânico a partir das histórias, corpos e energias diversas do grupo, entre outras referências e elementos da dança contemporânea, dança de rua e dança afro-brasileira.

A música composta por Jadsa e João Milet Meirelles (que também assina a direção musical do espetáculo) se baseia na tradição e na contemporaneidade, tendo como pilares principais as músicas de santo dos candomblés Congo/Angola, Jeje e Ketu; a musicalidade dos blocos afro e a música negra contemporânea.


				
					O levante do encenador baiano Márcio Meirelles em São Paulo
Foto: Tiago Lima

Habituado a reunir uma série de conceitos, mídias e discursos em suas montagens, desde 1972, quando começou a sua carreira, o encenador não pára de criar interlocuções com as mais variadas artes, contextos sociais e políticos. Tendo a Arquitetura e as Belas Artes na origem de sua formação, o artista ainda costuma assinar com frequência cenografia, iluminação, figurino e outros aparatos da cena. Essa prática de enveredar pelos distintos campos da engenharia cênica tem grande ligação com o extinto Avelãz y Avestruz (1976-1989); considerando este grupo a sua graduação em artes cênicas e o do Bando de Teatro Olodum, o grupo Teatro dos Novos e a UNiversidade Livre as suas pós-graduações.

Essa sucessão de experiências coletivas, colaborativas, autônomas e cumulativas escoa de muitas maneiras em seus espetáculos. Quem observa com mais atenção o teatro de Marcio Meirelles, logo percebe as suas marcas de direção, identifica o seu processo retroalimentar, vê as correspondências de exploração e ocupação do espaço, do tempo, da pulsação, da narrativa do audiovisual e da atmosfera polifônica criada no cruzamento de linguagens, da música, da coreografia, do texto e do vídeo. Sem falar nos elementos épicos inseridos em sua obra. E não há dúvidas de que todo esse manancial criativo estará presente em “Uma Leitura dos Búzios”.

Espetáculo “Uma Leitura dos Búzios”

  • Quando: de 18 de novembro a 29 de janeiro de 2023
  • Horário: quinta a sábado, 21h; domingo, às 18h.
  • Teatro Antunes Filho - Sesc Vila Mariana
  • Endereço: Rua Pelotas, 141, Vila Mariana - São Paulo
  • Ingressos: R$12 (credencial plena), R$20 (meia), R$40 (inteira)
  • Os ingressos podem ser adquiridos pelo portal sescsp.org.br e nas bilheterias da rede Sesc São Paulo.
  • Tel.: (11) 5080-3000

				
					O levante do encenador baiano Márcio Meirelles em São Paulo

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