Foto: Divulgação / Fábio Bouzas
O espetáculo ‘Lub Dub’, criado em 2017 pelo coreógrafo, músico e ex-rapper sul-coreano Jae Duk Kim, foi escolhido pelo Balé Teatro Castro Alves (BTCA) para comemorar, neste mês de abril, os 41 anos da companhia oficial da Bahia – atualmente sob a direção artística da atriz, dançarina e coreógrafa Ana Paula Bouzas. Serão duas únicas apresentações no palco principal do TCA, no sábado (23) e no domingo (24), às 20h; acompanhadas de recital de abertura da OSBA.
O nome inusitado vem da Medicina, lub dub são as duas principais batidas do coração. E no chavão, sem medo de ser feliz, digo: essa coreografia bate fundo no peito. Emociona. Ela nos conecta pela essência percussiva, num diálogo entre Ocidente e Oriente, que nos revela traços, laços e semelhanças culturais que também criam uma simbiose entre o regional e o universal. A harmonia entre a trilha sonora original composta por Jae Duk Kim, o canto visceral do dançarino e cantor Gilmar Sampaio e todos os sons e movimentos produzidos na cena nos dão a sensação de um transe.
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‘Lub Dub’ desperta o nosso imaginário mais profundo. É um turbilhão de imagens, narrativas e movimentos. Ora, é possível perceber a citação de uma dança folclórica russa. Noutro momento, podemos identificar a nossa tão familiar e ritual formação circular das rodas de dança e lutas populares; assim como visualizar a malemolência de corpos brincantes ou mesmo uma tradição sertaneja e nordestina, como a ‘Bata do Feijão”. Em meio a toda essa atmosfera e pulsação vigorosas do espetáculo, ainda pode-se observar as alternâncias de estado, contenção e controle do movimento.
Em ‘Lub Dub’, tudo vira dança. O espetáculo condensa uma série de referências da história, da ancestralidade, da cultura popular mundial, das artes marciais e de diversas tradições milenares; relidas e reinterpretadas pelos dançarinos no palco. E aproveito para registrar que a alquimia e o desempenho do elenco são simplesmente sublimes.
A coreografia é um duelo de corpos bonito de se ver. Corpos que se espelham, se contradizem, sincronizam e se complementam. Moderna e contemporânea. São intérpretes em travessia, contando histórias de luta, de liberdade e diversidade.
É impressionante como reviver a experiência desta obra, que agora ‘re-vi-vi’ pela terceira vez, não esgota todo esse potencial de nuances e sentidos que formam a nossa própria identidade. E isso tudo me faz lembrar uma frase muito emblemática do saudoso mestre da percussão, Naná Vasconcelos: “O primeiro instrumento é a voz, o melhor é o corpo”.
Coragem, navegantes! Embarquem e façam a travessia.
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Arlon Souza
Arlon Souza
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