Existem motivos para comemorar o mês da mulher?

Celebrado pela primeira vez em 1911, na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça, o Dia Internacional da Mulher foi oficializado pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1975, como uma ocasião para celebrar as conquistas das mulheres ao longo do tempo.

Originada no movimento operário, sua semente remonta o ano de 1908, quando cerca de 15 mil mulheres marcharam pela cidade de Nova York, reivindicando melhores salários, condições de trabalho e o direito ao voto.

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Passados mais de um século, os motivos para comemoração ainda não são satisfatórios. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-IBRE), a participação de mulheres no mercado de trabalho é 20% inferior à participação dos homens, e a sua realocação após a pandemia tem sido um grande desafio social.

Segundo o estudo da FGV – em cruzamento de dados com a PNAD, apenas 23% dos cargos de diretoria e gerência geral no país são ocupados por mulheres. De acordo com o estudo ‘Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil - 2ª edição’, as mulheres dedicam o dobro de tempo nos afazeres domésticos, se comparada às 11h de dedicação masculina.

Dados do ‘Global Gender Gap Report 2020’ (Relatório Global sobre a Lacuna de Gênero), do Fórum Econômico Mundial, evidenciaram que o Brasil ocupa a 130ª posição no ranking mundial em relação à igualdade salarial entre homens e mulheres.

Enquanto 15,1% dos homens com 25 anos ou mais de idade têm ensino superior completo, 19,4% das mulheres com a mesma idade já completaram o ensino superior. Ou seja, mesmo com maior volume em grau de escolaridade, as mulheres ainda enfrentam desafios inaceitáveis, a exemplo do fato de receberem cerca de 77% dos rendimentos de um homem no exercício da mesma função.

Com longos desafios ainda na atualidade, o Dia Internacional da Mulher deve ser lembrado como um dia de luta, resiliência e perseverança, e não de comemorações. Seja mulher ou homem, o compromisso com uma sociedade mais igualitária para todos e todas deve ser um contrato inegociável, seja no mercado de trabalho ou nas relações sociais. Eis então que quando alcançarmos uma realidade com equidade, aí sim poderemos usar esse dia como uma celebração de vitória e conquista.