Se empreender não é uma tarefa fácil, a atitude empreendedora é ainda mais desafiadora para mulheres pretas. Segundo o Relatório Especial de Empreendedorismo Feminino no Brasil, 51% das mulheres negras empreendem por necessidade. Para as mulheres brancas, a taxa é de 35%.
Neste mesmo cenário, de acordo com dados do Sebrae obtidos a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE (PNADC), no segundo trimestre de 2022, apenas 8% das empresárias negras contrataram funcionários, e 82% delas tem somente entre 1 e 5 colaboradores.
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Coordenadora do programa Acelera Iaô Com Elas, a relações-públicas e gestora de projetos, Priscila Mércia reconhece os desafios de empreender. Acumulando 12 anos de experiência na criação e gestão de novos negócios, Mércia já atuou nas áreas da gastronomia, moda, doceria e artesanato, qualificando-a para entender e dialogar com as necessidades de empreendimentos negros.
“Desenvolver metodologia para afros empreendedores é diferente, pois o conhecimento técnico é sempre atravessado por questões raciais, emocionais e sociais. O racismo estrutural impacta neste empreendedor desde o entendimento dos conceitos até a aplicação das técnicas aprendidas. O lugar de vulnerabilidade financeira e necessidade de retornos imediatos, faz com que tenhamos uma formação voltada para a realidade de transicionar os negócios da sobrevivência para a geração de renda”, explica Priscila Mércia.
Segundo o levantamento do Sebrae ‘Empreendedorismo por Raça-cor (e sexo)’, a média salarial do empreendedor negro é 32% inferior à do branco, já se compararmos o rendimento da mulher negra ao do homem branco, esse número chega a -74%.
“Uma pesquisa desenvolvida pelo instituto Locomotiva apresentou que dos negócios 42% surgiram por necessidade, e 45% foram criados por empreendedoras que vivem em favelas ou comunidades. Portanto, para fortalecer é necessário entender a realidade vivida pelo Empreendedor", aponta Priscila.
Ativa no compromisso de formação de novos empreendedores e empreendedoras, reconhecendo as características raciais, a Coordenadora do Acelera Iaô com Elas aponta atitudes essenciais para quem deseja gerir o próprio negócio.
“É necessário constante Qualificação e construir uma rede de relacionamento. Sempre estar em eventos do seu ramo de negócios e estar conectado com pessoas que estão com os mesmos objetivos e vivendo os mesmos processos na jornada empreendedora. Esta troca irá proporcionar não só a continuidade do negócio, como o seu crescimento de maneira mais estruturada”, conclui.
Rodrigo Almeida
Rodrigo Almeida
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