Um estilo de filme que anda meio escasso ultimamente é aquela ação despretensiosa, com tom intenso de comédia e várias cenas violentas, que não integre uma franquia (aliás, estou exausta de franquias). Trem-Bala se enquadra justamente nesta categoria, chegando aos cinemas com o intuito único de entreter o seu espectador. E assim o faz, plenamente.
Ladybug (Brad Pitt, Era uma Vez em... Hollywood) é um assassino de aluguel super azarado que acaba caindo em uma missão de entrega de pacote somente porque o responsável teve uma infecção estomacal. Ele tem que entrar em um trem-bala, pegar uma mala e sair. Tão simples quanto parece, se não fossem várias pessoas envolvidas com a mala e seu dono, que acabam cruzando o caminho do protagonista.
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Mesmo envolvendo muitos personagens, a trama é bem simples e explicada de maneira objetiva. Não há enrolação com o público, que vai percebendo de cara o caminho que aquela história vai tomar. Isso poderia ser um problema se se tratasse de um longa de qualquer outro gênero. Mas sendo o caso de uma ação cômica, é completamente bem aceito e até bem-vindo.
Um tanto inspirado no diretor Quentin Tarantino (Os Oito Odiados) e todas a sua violência sanguinária, Trem-Bala é bem visual e não economiza na variedade de mortes. O roteiro diversifica bastante os estilos, excluindo a possibilidade de tédio do espectador. Além disso, é tudo muito bem ensaiado e focado nas câmeras, favorecendo muito a parte estética do filme como um todo.
Brad Pitt está em casa neste longa. Leve, familiarizado e bem à vontade, ele realiza todas as nuances de seu personagem sem o menor esforço. O cara atrapalhado que está tentando controlar a raiva e viver uma vida mais zen, mas ainda assim, reage com habilidade a todas as tentativas de agressão que lhes são direcionadas. Junto a ele, Aaron Taylor-Johnson (Tenet) e Brian Tyree Henry (Eternos) formam a divertida dupla Limão e Tangerina, que também está em missão no trem.
De Joey King (A Barraca do Beijo) posso dizer que a cada produção que passa, ela mostra ainda mais o seu potencial como atriz. King consegue se libertar de seus personagens anteriores e mostrar novas e interessantes facetas. Isso é uma característica rara de se encontrar, até mesmo em excelentes atores. Aqui em Trem-Bala, ela está irônica e um tanto psicopata, mas dentro do arquétipo de uma garotinha fofa indefesa.
A medida que a trama evolui, Ladybug vai ficando cada vez mais chateado com as intercorrências no trem e a dificuldade que ele tem de sair do mesmo. Mortes começam a acontecer, as histórias começam a se cruzar e ele pensa a todo momento que só queria estar em casa meditando. Ninguém ali é santo, mas o protagonista é, definitivamente, alguém tão empático que nos faz esquecer o que ele faz para viver.
O filme vai numa escalada interessante de violência. Começa de maneira mais branda e vai tomando corpo com o passar das cenas e a inserção de novos personagens. O ápice do longa é, também, o momento de maior agressividade e sangue. Aliás, o roteiro convoca o espectador o tempo inteiro a ignorar o compromisso com a realidade e isso é perfeitamente simples de se fazer, já que o enredo consegue dosar isso muito bem.
Trem-Bala tem excesso de carisma por parte de todo o elenco, que nos oferece ótimas atuações em uma história divertida de se acompanhar. Para além disso, é recheado de momentos incríveis, cenas positivamente chocantes e aparições mais do que especiais. Definitivamente é um grande acerto de 2022, que vale a pena ser conferido!
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Marcela Gelinski
Marcela Gelinski
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