‘Thor: Amor e Trovão’ chega nos cinemas como um episódio bem independente do universo Marvel, como estamos acostumados. Diferente de ‘Doutor Estranho no Multiverso da Loucura’, o cidadão desavisado pode chegar aqui e se entreter normalmente, ainda que a experiência seja muito melhor para quem tem todo o contexto da trama. Essa é uma característica que eu admiro em qualquer filme novo que tem surgido na Marvel, já que a cada dia que passa fica mais impossível alcançar o repertório de mais de 20 filmes. Penso que ainda, em um universo que seja criado (e isso é algo muito bacana), os filmes precisam andar com as próprias pernas para se tornem mais perpétuos no mundo cinematográfico.
Dito isso, ‘Thor: Amor e Trovão’ traz o herói Thor depois dos eventos do último filme dos Vingadores, acompanhado do grupo de Guardiões das Galáxias, explorando o universo e salvando quem ele consegue. Mal sabe ele que um vilão surge a partir de uma atitude egoísta de um deus que lhe nega a misericórdia divina. Esse antagonista é ninguém menos que Christian Bale (Ford vs Ferrari), no papel do temido Gorr, o Carniceiro dos Deuses. Enquanto isso, sua antiga paixão Jane está lutando com um câncer avançado na Terra. Thor atende ao chamado de um deus em perigo e descobre toda a tramoia de Gorr. Com isso, recorre ao Rei Valquíria (Tessa Thompson, Identidade), que está no comando da Nova Asgard.
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Como é esperado da franquia de Thor, a comédia é a régua principal das cenas. Ainda que eu ache que passaram do ponto em alguns momentos, no geral o filme consegue equilibrar bem este formato, deixando espaço para os dramas e romances necessários. Romance esse que precisaria de um pouco mais de aprofundamento entre ele e Jane. Senti falta de mais olho no olho, mais intensidade entre o casal. Talvez um pouco menos de comédia resolvesse essa questão. Ainda assim, existe uma dosagem boa entre os gêneros.
Natalie Portman (Vox Lux - O Preço da Fama) está muito bem reassumindo um protagonismo na pele de Jane. Forte e determinada, ela veste bem o lado de Poderosa Thor, deixando Thor surpreso com seu surgimento. Surgimento esse, aliás, que carecia um pouco mais tempo para um detalhament, já que a narrativa de que o martelo foi salvá-la cai por terra quando descobrimos que ele, na verdade, está sugando seu último centavo de vida. A sua química com Chris Hemsworth (MIB: Homens de Preto – Internacional) segue sendo um bom acerto, ainda que a diferença absurda de altura tenha que ter sido minimizada por banquinhos em gravações.
E do que seria de um filme sem um bom vilão? Aqui Bale entra perfeitamente como o vil Gorr. De fato, as cenas são assustadoras e ele conota todo o medo necessário para aquela circunstância. Sempre em meio às sombras, com características que remetem à escuridão, ele é o próprio pavor em pessoa. A sua transformação no vilão é incrível de se ver, com tamanha dedicação do ator em encarnar cada momento do personagem. É um dos pontos de equilíbrio que falei ali acima sobre humor e outras temáticas.
Esta parte do humor, por sinal, tem várias nuances. Ciúmes de martelos e até cabras berrantes (elas são maravilhosas), todos os detalhes trazem a leveza, que já é pertinente ao Thor. Até mesmo o surgimento de novos personagens traz um pouco disso, como é o caso de Zeus de Russel Crowe (Dois Caras Legais). Ele está tão natural quanto poderia, assumindo a arrogância e superioridade de Zeus. Esta parte, inclusive, rende cenas bem engraçadas com o físico de Thor pelado.
O roteirista e diretor Taika Waititi (Jojo Rabbit) fez bom uso de seu tempo, elenco e artifícios, criando um longa melhor que ‘Thor: Ragnarok’, que perdeu a mão em alguns aspectos. Temos humor, drama, romance, intensidade, tudo imerso em uma trilha sonora maravilhosa que já virou uma tradição na Marvel. É gostoso e leve de assistir, tornando-se um entretenimento despretensioso e acertado.
Confira o trailer do filme
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Marcela Gelinski
Marcela Gelinski
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