A Netflix tem lá as suas diversas qualidades. Mas fazer excelente roteiros não é exatamente uma delas. A série "O Casal Perfeito" é mais uma prova disso, infelizmente. Com um elenco incrível, eles conseguiram arruinar um grande potencial por querer ficar focando em números de algoritmos. Não que a série seja de toda perdida. Mas é um mais do mesmo sem retorno que não vai deixar nenhum vestígio na nossa memória.
Greer (Nicole Kidman) e Tag (Liev Schreiber) são vistos como o casal perfeito americano. Ela é uma escritora famosa de suspenses best-sellers, enquanto ele é um ricaço que vive de eventos sociais. Ambos são socialites que moram em Nova York e tem, claro, uma casa de praia em Nantucket, uma ilha próxima da badalada região dos Hamptons. Eles estão reunidos num fim de semana para celebrar o casamento do filho do meio, quando um assassinato acontece nas dependências de sua casa, causando um caos na família.
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A promessa da história é boa. Algo como Agatha Christie e a descoberta de quem é, de fato, o assassino. Todos são suspeitos e o desafio do espectador é descobrir quem é, antes que o roteiro entregue o prêmio no final. Não é exatamente um grande enredo, mas tem muito potencial, se bem trabalhado. O problema é que ele não foi.
Com um elenco super interessante e bem afiado, a história vai se perdendo como uma bola de sinuca que vai para todos os lados sem encaçapar nada. Eles forçam ao extremo essa questão de duvidar de todos, criando histórias completamente sem fundamento para justificar isso.
A dupla de policiais que investiga o caso beira o caricato. Eles são seriamente incisivos e meio bobos ao mesmo tempo. É como se a série levasse a história muito pouco a sério mesmo. O que é uma pena, pois, como disse, tinha potencial.
A Netflix é famosa por pegar seus algoritmos de sucesso para utilizar como base para criação de seus roteiros, o que costuma ser um grande tiro no pé. Isso porque existem muitos fatores que levam uma produção a fazer sucesso e não dá para avaliar os pontos de maneira isolada. Então é como se você pegasse vários acertos aleatórios e jogasse dentro de um mesmo balde, esperando que dê um bom resultado. É claro que não vai dar.
Outra frustração de "O Casal Perfeito" é o final. Simplesmente porque a escolha do assassino é realmente boa, mas quando chegamos lá já estamos exaustos da dinâmica da série. O assassino é pouco suspeito, tem motivação, tem a frieza necessária. Mas a série simplesmente cansa o espectador ao ponto de perder o sentido quando o final chega. É bom, mas não importa mais.
É frustrante ver um ótimo elenco, com excelente química, uma história com potencial, ser estragados por conta de preocupação com agradar as mais diversas audiências. No final, não se agrade absolutamente ninguém. Mesmo com apenas 6 episódios, no final parecia que não ia acabar nunca. Uma pena.
Assista ao trailer de "O Casal Perfeito"
Marcela Gelinski
Marcela Gelinski
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