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COISA DE CINÉFILO

Novo filme de Jordan Peele é ótimo e frustrante ao mesmo tempo

Construindo um bom acervo de thrillers de terror, este longa segue um caminho um pouco mais simples do que os demais, aterrorizando e propondo menos reflexões ao espectador

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Marcela Gelinski

20/08/2022 às 18:00 • Atualizada em 26/08/2022 às 18:35 - há XX semanas
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					Novo filme de Jordan Peele é ótimo e frustrante ao mesmo tempo

Não! Não Olhe! é o novo filme do diretor Jordan Peele (Corra!) que conta mais uma vez com Daniel Kaluuya (Judas e o Messias Negro) no papel do protagonista. Construindo um bom acervo de thrillers de terror, este longa segue um caminho um pouco mais simples do que os demais, aterrorizando e propondo menos reflexões ao espectador. Ainda assim, não deixa de ser um material bem interessante e que vale a pena acompanhar.

OJ (Kaluuya) perde misteriosamente o seu pai depois de um acidente e tem que assumir o negócio da família de treinador de cavalos, junto com a irmã Emerald (Keke Palmer, As Golpistas). Morando em um rancho distante da cidade grande, eles começam a presenciar fenômenos estranhos de OVNI e resolvem tentar filmar para ganhar dinheiro em cima disso. No entanto, as coisas são muito mais perigosas do que parecem e o objeto estranho não é exatamente uma nave espacial extraterrestre.

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Os elementos vão sendo inseridos na narrativa de maneira cautelosa e expositiva. Vamos entendendo aos poucos a construção de todos os cenários e motivações dos personagens. Como surge o possível OVNI, quais os elementos que levam o protagonista a desconfiar disso e por quê ele e sua irmã decidem tentar filmar a situação.

Emerald lidou de maneira completamente diferente com a morte do pai. Enquanto OJ ficou mais pra baixo e reflexivo sobre as finanças da família, ela, com sua personalidade mais altiva, está focada em dar a volta por cima e ser bem-sucedida na sua carreira. A jovem tem características, inclusive, que a tornam engraçada. Um detalhe sempre presente nos filmes de Peele: o humor sarcástico em algum personagem específico.

Diferente dos outros longas, no entanto, Não! Não Olhe! não aprofunda no quesito horror e tensão. Ele tem lá seus momentos angustiantes, como na cena em que vemos as pessoas dentro da "espaçonave". São poucos segundos, mas completamente claustrofóbicos. Porém são raros. Não é que o cineasta não pincele isso ao longo da trama, ele só não deu foco total, como costuma fazer. A sensação que fica é que esse é um filme mais comum.

A medida que avançamos no tempo (e esse passa sem que possamos perceber, pois a história nos envolve sem esforço), os personagens vão tomando decisões caóticas e previsíveis. O espectador mais atento e que acompanha o trabalho de Peele desde o começo consegue antecipar diversas ações. Até mesmo o que vai dar certo no final. Isso não impede que o longa nos entretenha, mas também não o torna surpreendente, como foi Corra! e Nós.

A temática que ele utiliza como crítica social, mas muito en passant, é a busca pelo dinheiro a qualquer custo. Isso surge na pele de Jupe (Steven Yeun, Em Chamas) e seu trauma de infância que poderia tê-lo paralisado, mas acabou virando motivação para enriquecimento de moral duvidosa. A dupla principal de irmãos também podemos ter essa leitura, já que mesmo com o perigo batendo na porta, eles preferem seguir na tentativa de capturar imagens da situação, do que simplesmente salvar a própria pele.

Não! Não Olhe! tem um cuidado impressionante com a parte técnica, especialmente os efeitos visuais. O tal OVNI tem toda uma transformação ao longo da trama, culminando numa mudança drástica ao final, e é incrível a riqueza de detalhes e o apreço por criar fotografias bonitas e informativas. O equilíbrio de cores, a escolha de cenários, de sons, de figurinos. Tudo cuidadosamente definido pelo perfeccionismo de Jordan.

A proposta em si é bem interessante e rendeu de fato um filme bacana. O que acredito que aconteceu foi uma frustração da minha parte ao esperar algo muito grandioso e cheio de significados, quando na verdade é apenas um thriller interessante e bem dirigido. Peele escolheu aqui o feijão com arroz e isso não é necessariamente algo ruim. Só é algo como comer um PF executivo em um restaurante de chef de cozinha renomado. No mínimo, frustrante. Parece loucura dizer, mas ele é muito bom e meeiro ao mesmo tempo.


				
					Novo filme de Jordan Peele é ótimo e frustrante ao mesmo tempo
Foto: Acervo iBahia

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Imagem ilustrativa da coluna COISA DE CINÉFILO
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