Você imaginou que neste Dia das Mães nós traríamos aqui uma listinha de filmes sobre a relação mais óbvia que vemos entre mães e filhos: muito amor, aconchego e dedicação. A real é que temos uma listinha dessa aqui que você pode se deliciar, mas queremos propor uma reflexão sobre os diferentes tipos de maternidade, trazendo mais realidade para esse papel tão importante na vida da mulher.
Selecionamos cinco filmes excelentes que mostram a pluralidade de possibilidades que uma maternidade oferece e que o instinto materno não é algo tão natural e avassalador assim, como a sociedade quer que a gente acredite.
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Então vamos lá? Confira essa lista que o Coisa de Cinéfilo separou de filmes que falam sobre a maternidade real e suas infinitas facetas.
A Filha Perdida (2021) - Netflix
Este longa protagonizado por ninguém menos que Olivia Colman narra a história de Leda, uma mulher que vai sozinha tirar férias de verão e acaba refletindo sobre várias escolhas que fez no passado. A presença de uma família no mesmo hotel em que está hospedada a faz lembrar de sacrifícios que ela teve que fazer em prol de si e de sua saúde mental, onde ela deixou a filha para os cuidados e criação do marido e seguiu em busca da carreira profissional.
Este filme é excelente para propor uma reflexão sobre o papel de pai e mãe na criação de um filho e como a sociedade é muito mais aberta a perdoar o pai que vai embora em busca de sua carreira e julga completamente a mãe que faz a mesma coisa. Nos faz pensar também sobre essa mistura de papéis que costumam impor às mães, como se elas deixassem de ser mulher, profissional, etc, por conta da maternidade.
Que Horas Ela Volta? (2015) - Globoplay
Este filme nacional primoroso conta com Regina Cazé no protagonismo de Val, uma pernambucana que deixou a família em busca de melhores oportunidades em São Paulo. O longa de Anna Muylaert mostra muito a relação maternal que a protagonista, na profissão de empregada doméstica, desenvolve com o filho de sua patroa, especialmente por ele ser carente de afeto e atenção. Enquanto ela “abandona” a sua maternidade real – e coloco mil aspas aqui pois não há abandono e, sim, uma necessidade de tentativa de mudança de vida – ela acaba acolhendo o novo tipo de maternidade afetiva que te supre de alguma forma. O filme fala muito sobre sacrifícios e o empenho de uma mãe em mudar a realidade de sua filha.
Pieces of a Woman (2021) – Netflix
Qual o nome que se dá à mulher que gestou nove meses um bebê e o recebeu morto em seus braços, logo após o parto? É sobre isso que este longa fala, nos levando na dolorosa jornada emocional de Martha, uma mãe que perdeu o seu filho no momento do parto. O filme é intenso e difícil de assistir, especialmente se você for mulher. Fala muito sobre a culpa que ela carrega de ter escolhido o parto natural em casa e todas as dores que te afetam com a não chegada deste esperado rebento.
É um longa que fala sobre luto, culpa materna, a perda de um filho que nunca veio e uma mãe que nem ao menos se acha digna de ser chamada assim.
Juno (2008) – Prime Video
Nem sempre a maternidade é algo que se consegue ser planejado. Juno é uma jovem adolescente que transa uma única vez com seu amigo e acaba grávida. Desesperada, ela primeiro pensa em um aborto, mas muda de ideia ao chegar na clínica. Ao tomar a decisão de seguir em frente, ela escolhe também lidar com todas as dificuldades e adversidades que uma gravidez na adolescência impõe.
É um filme interessantíssimo para falar sobre as privações que uma maternidade, especialmente não planejada, podem impor na vida de uma mulher. Tudo o que a vida dela muda em contrapartida do quão pouco a vida do pai do bebê é afetada. Nos mostra que a maternidade é, sim, infinitamente mais pesada do que a paternidade e não é nenhum mar de rosas.
Precisamos Falar sobre Kevin (2012) – Prime Video
Que tal falar sobre a culpabilidade que uma mãe tem na criação de um filho? A sociedade faz isso o tempo inteiro, cobrando da mulher 100% das atitudes dos filhos, enquanto os pais parecem sempre ilesos disso. Neste filme, Eva é uma mulher divorciada que lida no presente com acontecimentos complicadíssimos do passado. Seu filho, Kevin, foi o protagonista de um atentado em série numa escola, que resultou em diversas mortes, e ela é culpabilizada do evento até os tempos atuais.
Narrando toda a trajetória de relação complicada dela com o filho, abrimos margem para uma discussão importante sobre o instinto materno, o amor genuíno e cego, que nem sempre vem com naturalidade. Ainda que ela não tivesse uma relação boa com Kevin desde que ele era bebê, jamais poderia imaginar que resultaria no fatídico episódio. Ela agora lida com a própria culpa e o julgamento da sociedade sobre o que aconteceu com o filho.
Marcela Gelinski
Marcela Gelinski
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