Sempre que sai a lista de indicados ao Oscar, os espectadores se deparam com filmes não tão badalados e com atores menos conhecidos. E sempre digo que, normalmente, é aí que moram grande tesouros que merecem a nossa atenção. E é justamente o caso de "Anatomia de Uma Queda".
O longa francês vencedor da "Palma de Ouro" do Festival de Cannes traz o roteiro e direção de Justine Triet e o protagonismo de Sandra Hüller, atriz que também está presente no filme "Zona de Interesse", outro indicado ao Oscar deste ano.
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Bem especificado pelo seu título, "Anatomia de Uma Queda" é um drama de suspense que envolve o espectador o tempo inteiro na narrativa dúbia. Passamos a maior parte do tempo tentando entender os personagens, suas motivações e possíveis culpas.
À medida que o roteiro, muito bem escrito, avança, vemos que o foco não é esse. O entendimento de que as pessoas possuem muitas facetas é muito mais importante do que a culpabilidade delas. Além disso, perceber o quanto que uma única história pode ter tantas versões e percepções.
Com uma direção cuidadosa, notada nos detalhes das câmeras utilizadas, é muito fácil se imergir naquela celeuma, que vai se tornando cada momento mais angustiante. A queda foi ou não acidental? Um suicídio ou homicídio? Quem poderia ter motivação para isso?
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Entramos constantemente num questionamento interno de “mas isso não quer dizer nada”, ao mesmo tempo em que “pode dizer alguma coisa, sim”. E é como é na realidade, no nosso dia a dia. Os indícios podem nos levar a compreender as situações da forma como nos convém, mas a verdade, no final das contas, sempre tem a sua faceta.
Logo percebemos que pouco importa o que de fato aconteceu e quem é o culpado. Não nos interessa mais, em determinado ponto, se a esposa matou o marido. Queremos defendê-la, ainda que ela parece bastante culpada, em vários momentos. Isso se torna pouco relevante e essa é a grandeza deste filme.
"Anatomia de Uma Queda" é um exemplo perfeito de filme impecável. Ele não se excede (e nem falta) no roteiro, na direção, nas atuações, na fotografia, na edição de som. Em absolutamente nada. É um filme redondo que cumpre perfeitamente o seu objetivo de deixar o espectador intrigado e na dúvida.
Sim, porque a dúvida permanece. Terminamos o filme sem saber a verdade sobre os fatos. Mas como disse anteriormente, isso se torna completamente irrelevante depois de todo o envolvimento que temos na trama. Vale, com toda certeza, a sua atenção!
Confira o trailer abaixo
Marcela Gelinski
Marcela Gelinski
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