A lista dos indicados ao Oscar 2024 foi divulgada nesta semana e muitos filmes bacanas integram os mais badalados do ano. “Assassino da Lua das Flores”, “Oppenheimer” e, claro, “Barbie”, o fenômeno do ano passado que arrecadou mais de US$ 1 bilhão em bilheteria ao redor do mundo. Mas o que as indicações (ou ausências delas) de Barbie nos fala sobre o machismo estrutural?
Desde que assisti o filme pela primeira vez, sempre pontuei que seria uma experiência completamente diferente para mulheres e homens. Isso porque as milhares de referências do longa se comunicam muito mais com nós, garotas, do que com eles. Mas isso não tem nada especificamente a ver com o fato da Barbie ser uma boneca.
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O filme traz várias referências de dores que lidamos diariamente. A invisibilidade da importância da mulher na sociedade, o machismo enraizado que nos priva de tantas coisas, o silenciamento de nossas emoções. Tudo isso é pontuado nos mínimos detalhes de “Barbie”, o que o torna uma produção, do meu ponto de vista, excelente.
No longa, a Barbie interpretada por Margot Robbie vê sua realidade desabar quando ela chega no mundo real e se depara com uma sociedade que é estruturada a partir das necessidades dos homens. Ainda que ela seja a estrela do momento e da Mattel, os homens que administram a empresa tentam se aproveitar disso o tempo todo, se colocando sempre no foco das questões.
O Ken, por sua parte, vivido por Ryan Gosling, começa a viver um conto de fadas. Ele ama a ideia de finalmente ter voz e entender aquele mundo que é completamente favorável a ele.
Tá, mas o que isso tem a ver com o Oscar deste ano? TUDO! Margot Robbie é a alma da produção e entrega uma das melhores performances de sua carreira. Ela consegue transitar por todas as emoções vividas pela Barbie, que não são poucas. Ela fala com o olhar, com os detalhes.
Na outra vertente, temos Greta Gerwig, a fantástica diretora e roteirista que nos apresentou um trabalho impecável e sem arestas. Não à toa que “Barbie” está na lista de maiores bilheterias de todos os tempos, ocupando a 14ª posição, e sendo um dos pouquíssimos filmes na lista que não fazem parte de alguma franquia. Uma conquista e tanto!
Ainda assim, nenhuma das duas recebeu uma indicação na maior premiação de cinema do mundo. O que torna a situação mais incômoda é que Ryan Gosling, esse sim, recebeu uma indicação na categoria de Melhor Ator Coadjuvante. E me entendam: ele merece a indicação. Mas não é irônico a Academia reproduzir justamente o discurso que o filme faz questão de criticar?
A mulher, mesmo no topo, mesmo se superando, ela sempre está em desvantagem com relação aos homens. E essa circunstância que aconteceu com a “Barbie” no Oscar 2024 é apenas uma representação muito clara disso. Que possamos mudar essa realidade em algum futuro próximo.
Marcela Gelinski
Marcela Gelinski
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