Desde 2020, a Gleice Ellen Teixeira carrega do título de Deusa do Ébano do Ilê Aiyê. A jovem, que hoje tem 25 anos, representou o bloco afro em um carnaval, já que em 2021 e 2022 a festa não aconteceu por causa da covid-19. Agora, Gleice se prepara para passar a faixa. No sábado (28), o Ilê irá promover a 42ª Noite da Beleza Negra e vai eleger a nova Deusa do Ébano.
Para a jovem, moradora do Curuzu, mas que nasceu em Jaguaripe, no baixo sul da Bahia, ter entrado em contato com Ilê mudou sua vida. De uma criança insegura com a própria imagem e que rejeitava os cabelos crespos, Gleice se tornou uma mulher empoderada e que transmite essa mensagem para outras jovens.
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"Eu fui uma criança que não me aceitava, que não via o meu cabelo como um cabelo bonito. Eu usava umas trancinhas e essas trancinhas eram como um escudo pra mim, eu via como se eu tivesse um cabelo liso e eu via como se pudesse balançar meu cabelo, porque, para mim, o meu cabelo crespo não podia balançar e era um cabelo feio para mim", contou ao iBahia durante coletiva de imprensa da Noite da Beleza Negra na manhã desta sexta-feira (27).
Para a Deusa, o Ilê foi um marco na sua vida e na construção da sua identidade.
"Eu participei do Ilê Aiyê porque eu precisava dessa aceitação, precisava me conhecer como mulher, me aceitar, eu acho que não tem problema nenhum a mulher preta mudar seu visual. Eu acho lindíssima, bote sua lace e bote suas tranças. Mas o problema tá quando ela não se aceita, não aceita sua raiz, não aceita o seu cabelo crespo, eu fui essa criança e pós Ilê Aiyê eu sou mulher que empodero outras mulheres. Então esse processo de ser Deusa do Ébano foi bastante importante dentro da minha vida para entender quem era Gleci, para entender sobre minha cultura", completou.
Passagem da coroa
No sábado, a nova Deusa do Ébano será eleita. Para Gleice, o fim desse ciclo traz uma sensação de dever cumprido e de gratidão.
"Estou com um friozinho na barriga e um friozinho na barriga bom, de gratidão, de dever cumprido, de legado deixado. Então eu tive a oportunidade de conversar com as candidatas e falar também com elas sobre sororidade, que nós não somos uma rivais das outras, e que quem ganhar como Deusa do Ébano vai estar nos representando, porque eu acho que quando uma mulher preta está no topo, vamos dizer assim, com espaço em televisão, emissoras, revistas, quando ela conta a história dela todas nós nos identificamos", disse.
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Redação iBahia
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