No dia seguinte à eleição de Jair Bolsonaro à Presidência, o PSL oficializou a troca no comando do partido . Luciano Bivar, eleito deputado federal por Pernambuco, reassumiu o controle da legenda, o que já havia exercido até o início deste ano. Retornou ao lugar que estava ocupado pelo advogado Gustavo Bebianno , conselheiro próximo ao presidente eleito, que havia assumido o posto com a intenção de organizar a campanha e alocar aliados de Bolsonaro em funções estratégicas dentro da legenda. A mudança foi publicada no Diário Oficial da União.
Com a saída, Bebianno abre caminho para preencher uma vaga no primeiro escalão do governo — ele está cotado para o Ministério da Justiça. Bebianno nega que haja alguma definição sobre sua função no governo, mas na noite de domingo, após a vitória, afirmou que “qualquer pessoa normal teria satisfação em colaborar”. Caso o papel a ser cumprido seja de fato o de ministro, a saída do comando do PSL é essencial: a Comissão de Ética Pública, órgão da Presidência da República, recomenda que os presidentes de partidos não ocupem simultaneamente cargos de ministro.
A orientação tem como base o Código de Conduta da Alta Administração Federal, que dita as regras a serem seguidas pelos integrantes do primeiro escalão. A comissão avalia que há “conflito de interesses” quando um dirigente partidário vira ministro. Em 2007, o órgão recomendou que o então ministro do Trabalho, Carlos Lupi, deixasse a presidência do PDT, o que acabou acontecendo. Em 2015, Gilberto Kassab tirou licença do comando do PSD antes de assumir o Ministério das Cidades.
—Agora vou me dedicar ao presidente. Não tem papel definido, nem sei se estarei no governo. Qualquer pessoa normal que desenvolva um trabalho como desenvolvi teria satisfação em colaborar mais, contribuir para o país. Mas vou servir da forma como ele (Bolsonaro) achar melhor — disse Bebianno, na noite de domingo. — Minha missão está cumprida (no partido). Luciano Bivar provavelmente perderia o partido (pela cláusula de barreira) sem essa aliança com o Bolsonaro. Surfou na onda Jair Bolsonaro e foi um grande investimento para ele (Bivar).
Nesta segunda, Bebianno não foi localizado por telefone. Bivar disse que a mudança depois da eleição já estava programada e afirmou que Bebianno, com a transição de governo, terá uma missão mais importante que “cuidar da parte burocrática” da legenda. Com uma bancada eleita de 52 deputados na Câmara — hoje tem oito —, quatro senadores e três governadores, o PSL pós-Bolsonaro saiu da condição de nanico para a de protagonista do cenário político. O crescimento será traduzido em mais verbas dos fundos Partidário e Eleitoral e mais tempo na televisão para as próximas campanhas. E o incremento poderá ser ainda maior, com a migração de deputados que pertencem a siglas que não cumpriram os requisitos para ultrapassar a cláusula de barreira. Há no PSL quem projete que a bancada na Câmara vai girar em torno de 60 a 65 nomes. Bivar evita falar em números, mas diz que já houve acenos de parlamentares eleitos.
— Só depois da diplomação é que a gente tem as conversas mais efetivas. A cláusula de barreira deixou alguns deputados impossibilitados de terem trânsito no parlamento de maneira mais livre. Eles precisam de relatorias (de projetos), participar de comissões e tudo isso é vedado quando o partido não atinge a cláusula de barreira.
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