Uma transexual processou uma boate de Campinas, São Paulo, após se sentir constrangida na entrada do estabelecimento. A estudante de arquitetura Bruna Bacci Brunelli foi obrigada a pagar pelo ingresso masculino para entrar na casa noturna Banana República. A jovem chegou a apresentar um laudo psicológico que atesta sua identidade feminina. A ação contra o estabelecimento foi protocolada na sexta-feira (20) e será analisada por um juiz antes da direção da boate ser oficialmente notificada."Ela [atendente] começou a falar com a outra caixa me tratando no masculino. Eu peguei meu laudo, que diz que eu tenho um transtorno de identidade de gênero e explica que eu devo ser tratada como uma mulher. (...) Mostrei, foi ignorado e acabei aceitando pagar como homem. Mas é muito conveniente pra eles né, já que homem paga quase o dobro", contou Bruna ao G1. O processo exige o pagamento de uma indenização de R$ 15.575 por danos morais.
Ao chegar na boate, a estudante apresentou o RG, que ainda traz seu nome masculino, uma vez que o processo para a troca definitiva do nome e sexo ainda está em andamento. Isso levou a atendente a questionar a identidade da estudante. Bruna disse que já havia frequentado o local outras vezes e que ainda não havia passado por esse tipo de situação, que definiu como constrangedora.A direção da Banana República informou que adotará mudanças na cobrança dos ingressos para que transexuais paguem segundo o gênero. "A gente vai ter que readequar, para não ter esse tipo de constrangimento. Mediante a situação de laudo, vou providenciar o ingresso [segundo o gênero]", garantiu o diretor artístico da boate, Emerson Correa, ao G1.Bruna disse também que o preconceito continuou após a sua entrada na casa noturna. "Lá dentro as pessoas ficaram olhando. Foi algo muito constrangedor para mim (...) Se não vão aprender a me tratar adequadamente por bem, então infelizmente eu vou ter que recorrer à Justiça", afirmou.Ela ainda encontrou dificuldades ao chegar na Delegacia da Mulher para registrar o boletim de ocorrência. O caso precisou ser encaminhado para outro distrito policial em função do "sexo masculino" oficial. O "gênero feminino" de Bruna só foi registrado no boletim porque ela insistiu."Eu pedi assim: 'eu quero que você coloque sexo feminino.' Aí ela falou: 'olha, eu não consigo alterar porque ele já vem automático do sistema. Eu posso colocar em observações. Como que você quer que eu ponha? Sexo transexual?' Aí eu falei: 'primeiro, transexual não é sexo (...).' Não tinham o menor preparo para fazer isso", reclamou.
(Foto: Reprodução/Facebook) |
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