Um relatório sobre o consumo de drogas no mundo, divulgado nesta quinta-feira (23) pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC), aponta o uso abusivo de medicamentos no Brasil e a estabilidade no consumo de drogas ilegais. De acordo com os dados, “uma alta prevalência de uso não médico de opioides (analgésicos) de prescrição foi relatado pela Costa Rica, Brasil e Chile”. De acordo com os dados, os medicamentos do grupo dos opioides, em especial aqueles à base de codeína (substâncias indicadas para dores causadas por tumores ou dores muito fortes após intervenções cirúrgicas), prevalecem na América do Sul, América Central e Caribe. O relatório da ONU indica também que o uso abusivo desses medicamentos na América do Sul está estimado entre 0,3% e 0,4% da população adulta, algo em torno de 850 mil a 940 mil pessoas entre 15 e 64 anos. No Brasil, o percentual é acima da média da região, 0,5%. Na Bolívia, o percentual é de 0,6% e no Chile, 0,5%. “Bolívia, Brasil e Chile continuam como países com altas taxas de uso de opioides. Na América Central, a taxa da Costa Rica é maior que a média global (2,8%). Na América do Sul e na América Central, preparados à base de codeína estão entre os opioides mais comuns”, diz o relatório. O relatório diz também que, na região, há alto consumo de “estimulantes prescritos desviados”, que a ONU aponta como legalmente recomendados, como os anorexígenos ou medicamentos para tratamento de transtorno de déficit de atenção. “Altos níveis de consumo [de estimulantes] foram relatados em 2009, em particular na Argentina, no Brasil e, em menor medida, no Chile”, afirma o documento. Em entrevista Pedro Gabriel Godinho Delgado, então coordenador geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde, afirmou que o grupo dos calmantes era o que mais preocupava o governo brasileiro. "O aumento do consumo se deve a dois fatores, um bom e um ruim. Tem a questão da ampliação do acesso ao tratamento, o que mostra que mais pessoas estão tendo acesso ao uso racional. E o ruim é que muito provavelmente esse aumento tão significativo se deveu ao uso não racional, ao uso nocivo", afirmou na ocasião Delgado. O documento, chamado de Relatório Mundial sobre Drogas 2011, foi lançado em razão do Dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico de Drogas, dia 26 de junho. Drogas ilegaisAinda de acordo com o documento da ONU, o “uso de cocaína agora é geralmente percebido como estável na América do Sul e Central”. Apesar disso, o relatório diz que o país tem cerca de 900 mil usuários de cocaína. Argentina (2,6%), Chile (2,4%) e Uruguai (1,4%) são países que continuam com alta prevalência de uso de cocaína entre a população geral. Juntos, Brasil, Argentina, e Chile somam dois terços dos usuários de cocaína na América do Sul, América Central e Caribe. “Contudo, o Brasil tem uma taxa de prevalência menor de 0,7% da população entre 15 e 64 anos. Por causa de sua grande população, o país tem o maior número de usuários de cocaína, 900 mil, na América do Sul.” O relatório diz que as apreensões de cocaína cresceram nos últimos anos. No Brasil, conforme os dados, passou de 8 toneladas métricas em 2004 para 24 toneladas métricas em 2009. “Em 2009, o Brasil foi o país de trânsito mais proeminente das Américas – em termos de número de apreensões – de remessas de cocaína apreendidas na Europa. O número de casos de apreensões que envolveram o Brasil como país de trânsito subiu de 25, em 2005 (somando 339 kg de cocaína), para 260, em 2009 (somando 1.5 toneladas métricas).” MaconhaA ONU diz que a América do Norte continua sendo o maior mercado de drogas do mundo. “ A produção de drogas ilícitas na América do Norte está majoritariamente relacionada à cannabis (principalmente maconha), estimulantes tipo-anfetamina (ATS) e opiáceos.” “Os maiores níveis de uso ilícito de drogas estão relacionados ao consumo de cannabis,principalmente maconha. Com uma taxa de prevalência de 10,7% entre a população de 15 e 64 anos, o uso de cannabis na América do Norte está acima da média mundial. A região conta com cerca de um quinto dos usuários de cannabis no mundo”. As informações são do G1.
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