Produção industrial alcança o pior patamar da história

O mau desempenho da indústria em setembro confirmou a expectativa de que o setor deve aprofundar a queda do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no terceiro trimestre do ano. O tombo na produção foi de 9,5% em relação ao terceiro trimestre de 2014, divulgou na quarta-feira (4) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).A fabricação de bens de capital despencou, devido ao momento de retração nos investimentos, assim como a de bens de consumo duráveis, diante de um consumidor mais contido. Embora os cortes nas montadoras de automóveis e caminhões sejam destaque, as perdas são disseminadas: atingem 25 das 26 atividades pesquisadas no acumulado de janeiro a setembro.

Tombo da produção industrial leva setor ao pior patamar da história (Foto: EBC)

A única exceção é o setor extrativo, graças ao minério de ferro e petróleo. No ano, a queda na produção industrial já está em 7,4%. Nesse ritmo, a indústria brasileira pode encerrar 2015 com o pior resultado da série histórica, iniciada em 2002. “A indústria só deve melhorar levemente no final de 2016, sobretudo com o câmbio”, comentou Alessandra Ribeiro, sócia e diretora da área de macroeconomia da consultoria Tendências. Ela projeta recuo perto de 8% na indústria em 2015 e baixa de 2% em 2016. A economista disse ainda que o resultado divulgado pelo IBGE sugere que o PIB deve ter encolhido ao redor de 1,2% de julho a setembro, na comparação com o trimestre imediatamente anterior. “O resultado fraco da produção industrial no terceiro trimestre, em várias áreas, reforça a expectativa de que o PIB terá uma queda superior a 3% este ano”, calculou Alessandra. Com as sucessivas quedas registradas nos últimos meses, a indústria já opera 16,3% abaixo do pico registrado em junho de 2013. Em setembro, a linha de produção rodava no mesmo patamar de abril de 2009, ano em que a indústria amargou uma perda de 7,1%, até então a pior registrada pelo IBGE até aqui. Alessandra lembrou que os fatores que justificam a queda na produção industrial do país permanecem no radar, como redução na confiança do empresário e do consumidor, desemprego, inflação e juros altos.