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Pastor acusado de estuprar e matar filho disse ter sido abusado

George Alves falou em audiência da CPI dos Maus-Tratos

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Redação iBahia

26/05/2018 às 15:15 • Atualizada em 31/08/2022 às 19:24 - há XX semanas
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Na primeira aparição pública após ser apontado pela Polícia Civil do Espírito Santo como responsável por estuprar, espancar e atear fogo no filho Joaquim Alves Salles, de 3 anos, e no enteado Kauã Salles Butkovsy, de 6 anos, o pastor George Alves revelou que foi abusado sexualmente quando criança. O depoimento aconteceu em audiência da CPI dos Maus-Tratos, presidida pelo senador Magno Malta (PR).
Polícia confirma que pastor matou e molestou filho e enteado. (Foto: Reprodução)
Preso desde o dia 28 de abril, o pastor George foi levado da cadeia até a sede do Ministério Público Estadual, em Vitória, onde ocorreu a audiência da CPI. Interrogado pelo senador Magno Malta, o pastor disse que foi abusado na infância, sem dar detalhes, e afirmou que não guarda trauma.
- Mas não tenho traumas no presente - limitou-se a dizer o pastor.
O pastor contou que não conheceu a mãe, foi criado pelos avós e pelos tios. Ele também conformou que já usou drogas e no passado também fez uso de entorpecentes. Quando foi questionado sobre o laudo da perícia policial que diz ter encontrado PSA (substância presente no sêmen humano) no ânus do filho e do enteado, o pastor afirmou que é tudo mentira.
- Eu não bati nos meus filhos, eu não estuprei eles, eu não coloquei fogo neles. Eu não fiz isso. Eu não estou mentindo - declarou.
Em outros momentos, com choro contido, ele voltou a afirmar:
- Eu não fiz isso, eu não fiz isso. Eu não fiz nada.
George afirmou que seu único arrependimento foi não ter demonstrado o sentimento de dor que teve pela morte das crianças. A declaração foi dada logo após a exibição de um vídeo em que ele e a esposa, a também pastora Juliana Salles, aparecem numa lanchonete, à noite, horas depois da morte das crianças.
- Errei ficando quieto, mas choro até hoje - desabafou.
A estratégia do senador Magno Malta para obter o depoimento do pastor foi usar citações bíblicas. O pastor contou que veio para o Espírito Santo trabalhar como cabeleireiro. Depois se casou com a pastora em Linhares onde teve um encontro com Deus e abriu a Igreja Batista Vida e Paz.
ENTENDA O CASO
De acordo com as investigações da polícia, os dois irmãos morreram carbonizados num incêndio provocado pelo pastor, no quarto onde estavam, na cidade de Linhares. As cenas de horror começaram com o pastor abusando sexualmente das crianças. Substância existentes do sêmen humano foram encontradas na cavidade anal dos dois meninos. As investigação revelaram, ainda, que após o abuso, o pastor espancou os meninos até que ficassem desacordados. Em seguida, levou ambos para o quarto e ateou fogo com o objetivo de ocultar o abuso sexual.
Segundo a polícia, o pastor ainda tentou se promover diante da tragédia nas entrevistas que concedeu à imprensa. Numa delas, afirmou que "fez o que pode" para salvar as crianças, inclusive se queimando, mas um exame de corpo de delito encontrou apenas uma pequena bolha, do tamanho de uma moeda, num de seus pés.
A polícia vai indiciar George Alves por duplo homicídio triplamente qualificado e duplo estupro de vulneráveis. A soma das penas pode chegar a 126 anos de prisão.
No dia do crime a mãe das crianças, a também pastora Juliana Salles, estava viajando para Belo Horizonte onde participou de um congresso. A polícia chegou a apreender o celular dela durante as investigações, mas garantiu que nada foi encontrado e descartou a possibilidade de envolvimento dela com a tragédia.

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