O segurança Fábio Coutinho, de 42 anos, desabafou em entrevista sobre o racismo que ele sofreu enquanto trabalhava no clássico entre Cruzeiro e Atlético-MG, no último domingo (10), no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte (MG). Ao GloboEsporte.com, Fábio falou sobre o episódio em que foi ofendido por um torcedor do Atlético.
"Passei a noite em claro, minha esposa não foi trabalhar hoje. Ela está comigo aqui. Só tenho ela aqui, sou do Rio de Janeiro. Meus filhos moram no Rio, são adolescentes. Quando a ficha caiu, fiquei muito chateado. Meus filhos fizeram contato e disseram que viram na rede social: 'Ele cuspiu na sua cara'. Aí eu disse não foi bem assim, disfarcei", desabafou o segurança ao GE.
A confusão aconteceu no momento que a torcida do Galo queria invadir uma área que seria restrita, segundo o segurança. A Polícia teria usado spray de pimenta para conter os torcedores.
"Situação lastimável. Era uma área restrita aos profissionais da imprensa, ocorreu um tumulto numa outra extremidade da torcida do Atlético, e os policiais intervieram com uso de spray de pimenta. A gente abriu uma exceção para crianças. Até a vovó do Galo. Eu, pessoalmente, retirei ela. Alguns outros, poucos baderneiros infiltrados, queriam adentrar a área restrita da imprensa e da torcida do Cruzeiro. Eu, juntamente com apenas quatro ou cinco vigilantes, impedimos o acesso deles. Não fizemos o uso de força ou violência", explicou Fábio ao GE.
Um vídeo flagrou o momento que Fábio discute com alguns dos torcedores. Ele ainda afirmou ao GE que foi cuspido na face por um deles. O mesmo torcedor vira para o segurança e fala do fato de Fábio ser negro. "Um deles cuspiu na minha face. E com o dedo empurrando meu rosto, eu virei para ele e disse: "Pô... Você cuspiu na minha cara. É feio. Nenhuma sociedade no mundo permite isso". Alguns torcedores retiraram ele. Depois ele retornou e disse: "Você pôs a mão em mim. Olha sua cor". Eu disse: "Você é racista! Você é racista!" Aí, os demais torcedores pararam na hora e retiraram ele", conta a vítima.
O segurança trabalha no Mineirão há três anos e é atleticano. "A gente não acha que vai acontecer com a gente, mas acontece", finalizou Fábio.
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Redação iBahia
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