Najila Trindade Mendes descreveu com mais detalhes o que aconteceu na noite em que diz ter sido estuprada pelo atacante Neymar , no dia 15 de maio, em Paris, na França. Na entrevista completa ao jornalista Roberto Cabrini, do programa "Conexão Repórter", do SBT, a modelo foi indagada se aceitaria um pedido de desculpas do craque.
Desde que a denúncia foi feita em uma delegacia especializada de São Paulo, a jovem diz que não voltou a conversar com o jogador, mas que aceitaria caso surgisse algum pedido.
– Conversaria, com certeza – Najila, antes de ser perguntada se o desculparia. – Por que não? Todo mundo pode errar.
Ao ser perguntada se com um encontro e um pedido de desculpas retiraria a queixa, ela foi enfática e negou que tomaria essa atitude. Najila ainda afirmou que nunca mais terá a mesma admiração pelo atleta e que, em um determinado momento, "se sentiu culpada pelo que aconteceu".
- Não vou retirar o que aconteceu. Eu acho que perdoar, desculpar, é um processo. Não tem como eu virar para ele agora e falar "Te perdoo e volto a ter a mesma admiração", não tem como. Não vou ficar... É muito difícil o que está acontecendo. Eu tenho que lidar primeiro com o que sinto, para depois lidar com o que ele sente. Eu fiquei com vergonha, fiquei mal, me senti um lixo, culpada e muito culpada, porque eu fui até ele, eu quis ficar com ele. Então, eu me senti culpada pelo que aconteceu – diz na entrevista.
Mais adiante no vídeo, a mulher não parece ter tanta certeza do perdão, mas diz que o faria para viver em paz e dar continuidade na sua vida.
– Não sei, vou tentar (perdoar algum dia). Para o meu bem, porque não vai ser bom ficar carregando isso, não vai ser bom continuar vivendo essas coisas que estou vivendo nesses dias.
Ameaças do staff de Neymar
Em um determinado momento, Najila chora. Ela conta que pessoas ligadas ao jogador a procuram para ameaçar, incluindo advogados, e que tem se sentido muito pressionada.
– Muito (pressionada). Das pessoas por trás dele. Da carreira dele. Têm chegado por ligações, mensagens, me veem na rua e me maltratando – diz a mulher, que balança a cabeça positivamente quando é indagada se as ligações são de pessoas ligadas ao jogador.
– Não tenho certeza que todas elas, mas muitas pessoas sim. Advogados.
A baiana radicada em São Paulo criticou Neymar por ter publicado foto íntimas nas redes sociais. O jogador, por sinal, prestou depoimento na noite de quinta-feira, na Delegacia de Crimes de Informática, no Rio de Janeiro, por cerca de uma hora e 40 minutos. Para Najila, o jogador a "humilhou" e a "expôs ao ridículo" quando divulgou prints das conversas entre eles pelo Instagram.
- Estou ferida. Ele me expôs. Tinha um pedido de sigilo no inquérito. Ele, imediatamente que ele ficou sabendo do que fez comigo, não bastasse tudo o que ele tinha feito comigo naquele quarto de hotel, ele me expôs de maneira ridícula. Ele já me atacou para sair ileso do que me fez. Ele se colocou nisso, ele levou tudo a público. Se ele era inocente, se eu estava fazendo acusação falsa, ele tinha que fazer isso por meios legais para provar isso. Ele não tinha que me expor ao ridículo, querendo já me humilhar e fazendo eu já desistir da minha luta – diz.
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Em algum momento, houve alguma chantagem sua em relação a ele?
Não. Eu nem falei com ele mais, depois. Eu nem conheço mais ninguém que trabalha com ele, além dele, que faz assessoria, ninguém.
Você acha que pela forma que você relatou o que aconteceu para seus ex-advogados, eles poderiam ter ficado coma impressão de que você foi apenas agredida, e não vítima de estupro?
Não, eu falei o que houve.Eu não usei essa palavra (estupro), mas eu falei que foi sexo sem consentimento. Não queria falar essa palavra porque não queria aceitar, primeiramente, que fui estuprada.
Acordo financeiro nunca esteve na mesa?
Ficar em silêncio pro mundo, talvez. Na justiça, não. Os meus advogados falaram que ele tinha que me indenizar.
Seu silêncio teria um preço?
Não. Nunca. Nas mensagens, eu tenho como provar isso. A todo tempo eu falava "quero que o Neymar pague por isso, quero ir na delegacia, estou com medo". É lógica: se eu estou com medo, o Neymar compra meu silêncio e eu fico quieta. Aí, duas semanas depois, eu faço o que com o dinheiro no caixão?
Como podemos ter certeza de que aqueles hematomas apresentados em fotos foram causados naquele dia?
Através da galeria do meu celular, que mostra localização e hora.
Você tirou quanto tempo depois?
Não lembro exatamente, porque fiquei em choque, liguei pra uma amiga. Estava sentindo muita dor e não cheguei a ver como estava horrível. Falei com ela, olhei no espelho, e foi quando eu bati a foto. Nem foi como prova.
Quanto tempo depois que ele saiu?
Tem que ver no horário da galeria. Eu não fiquei arquitetando cada passo, 'olha só, eu tenho essa prova', foi tudo natural. Eu não tirei um milhão de fotos. Eu só bati a foto, não pensei "vou precisar da foto pra usar como prova, pra extoquir". Foi por impulso. Estou chorando, tiro a foto e mando pra ela (amiga). Até porque, se eu tivesse arquitetado, teria muito mais provas, muito mais detalhes.
Tipo?
Ele confessando, do que ele fez.
Ele chegou a confessar?
Enquanto eu filmava, não.
E em outro momento?
O confessar dele foi "não, linda, aconteceu, não foi do jeito que a gente queria, calma". Ele só falava isso.
Você disse que o que mais te escandalizou foram as agressões. Eu só conseguiria provar o estupro com o laudo. E meus advogados falaram que eu não podia fazer laudo ainda.
Por quê?
Por ser quem ele (Neymar) é.
Se o Neymar tivesse usado preservativo, você teria denunciado? Teria. Porque não foi só o ato sem o preservativo, foi a maneira como ele conduziu tudo. Ele foi agressivo, estúpido, me pegou à força. Mesmo se tivesse sido com preservativo, não foi legal. Ele estava fora de si.
O que ele falava nesse momento de violência? No começo parecia tudo normal?
Não falava nada. Tudo normal, depois ele começou a me dar tapas. Até aí tudo tudo bem, fui tentando manusear. Só que eu vi que ele começou a bater muito forte mesmo e eu pedi pra parar. Ele falou "desculpa, linda" e eu achei que ele fosse parar, e ele continuou.
E ele passou a fazer o quê?
A me violentar. Ele passou a mão sobre meu corpo, me bateu e me puxou. Eu fiquei sem reação. Queria, naquele momento, ter revidado, ter agredido ele.
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Redação iBahia
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