Uma jovem de 25 anos está internada em estado grave no Hospital municipal Rocha Faria, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, há 15 dias, por causa de uma complicação decorrente de um procedimento estético. A comerciante Angela Pedrosa, de 25 anos, quis aumentar as nádegas pela segunda vez e, por causa disso, se submeteu a aplicações feitas em sua própria casa, no último dia 17. As informações são do "Bom Dia Rio", da TV Globo.
A mãe de Angela, Ana Cláudia, contou que a família era contra o procedimento estético. Por isso, Angela contou que faria uma drenagem.
"Meia hora depois, uma hora mais ou menos, ela falou assim: 'Mãe, vem aqui que você vai ver um negócio.' Quando eu entrei, a mulher já estava com aquele monte de agulhas enfiadas nos glúteos (de Angela). Passou uma hora, ela falou: 'Estou sentindo muita dor'", disse Ana Claudia ao "Bom Dia Rio".
Ela disse, ainda, que a responsável pelo procedimento estético fez aplicações de analgésicos. A medicação, porém, não teve efeito.
"Tinha momentos que ela (Angela) falava que estava ficando surda, e eu cada vez mais apavorada!", contou Ana.
De acordo com o "Bom Dia Rio", o relatório médico mostra que Angela procurou o hospital horas depois da aplicação. Ela deu entrada na emergência com uma infecção grave nos glúteos, que evoluiu para uma necrose.
Parentes de Angela dizem que a massoterapeuta responsável pela aplicação desapareceu. Eles procuraram a polícia. O caso foi registrado como lesão corporal.
Cinco mortes suspeitas
Entre abril e outubro deste ano, pelo menos cinco mulheres que se submeteram a procedimentos estéticos no Estado do Rio morreram em consequência da irresponsabilidade dos profissionais a que recorreram. O último caso ocorreu no dia 4 deste mês. A microempresária Fernanda de Assis, de 29 anos, se submeteu a preenchimentos na boca e nos glúteos, realizado em sua própria casa, em Ricardo de Albuquerque, na Zona Norte da capital. Nove dias depois, acabou morrendo em consequência de uma parada cardiorrespiratória na tarde do último sábado, no Hospital municipal Albert Schweitzer, em Realengo, na Zona Oeste.
A responsável pelo procedimento está presa. Danielle Cândido Cardoso, conhecida como Dani Bumbum ou Dani Sereia, injetava silicone industrial nas pessoas que a procuravam como se fosse metacril. Por cada litro cobrava R$ 3,5 mil, conforme contou à polícia uma dona de casa que, em 2016, injetou um litro e meio do produto nos glúteos.
Um dos casos que mais gerou repercussão foi o da morte da bancária Lilian Calixto, de 46 anos, em 15 de julho. Ela havia passado por uma bioplastia na cobertura do médico Denis Furtado, o Doutor Bumbum, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Após o procedimento — que custou R$ 20 mil — Lilian começou a passar mal. Ela foi levada pelo médico, junto com a mãe e a namorada dele, para o Hospital Barra D'Or, onde acabou morrendo.
Denis foi preso, acusado de homicídio qualificado e associação criminosa. Não demorou para que ex-pacientes do médico aparecessem, denunciando diversos outros tipos de problemas em seus procedimentos.
No dia 20 de julho, a modelo Mayara Silva dos Santos, de 24 anos, morreu após ser submetida a um suposto procedimento estético num apartamento no Recreio dos Bandeirantes, também na Zona Oeste. Ela chegou a ser levada para o Hospital municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, mas chegou morta à unidade. Mayara morava na Dinamarca e, segundo amigos, ela veio ao Brasil pra fazer vários procedimentos estéticos.
A professora Adriana Ferreira Capitão Pinto, de 41 anos, também morreu uma semana depois de se submeter a uma lipoescultura — que custou R$ 5,2 mil — feita pela médica Geysa Leal Correa em sua clínica em Icaraí, Niterói, na Região Metropolitana no Rio, no dia 16 de julho. Ela passou mal em casa, na Barra da Tijuca. O Corpo de Bombeiros chegou a ser chamado e tentou reanimá-la, mas não adiantou.
No dia 18 de abril, Fátima Santos de Oliveira, de 44 anos, morreu no Hospital Federal do Andaraí, na Zona Norte do Rio. Ela havia se submetido, no dia 16 de março, a uma aplicação de metacril nas nádegas. Mariana Batista de Miranda, de 34 anos, foi presa acusada da morte.
Especialista faz alerta sobre riscos
Membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o cirurgião Bruno Herkenhoff chama a atenção para as semelhanças entre os casos de Fernanda e da bancária Lilian Calixto, que morreu em julho passado após complicações em um procedimento estético, realizado em uma cobertura na Barra da Tijuca. Nos dois casos, as pacientes fizeram o procedimento em casa, o que é proibido.
Apesar de muitos profissionais realizarem procedimentos em clínicas e consultórios, toda cirurgia, estética ou não, deve ser feita num centro cirúrgico. Além disso, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica contraindica o uso do PMMA em grande quantidade.
- Para evitar riscos desnecessários, a orientação é buscar profissionais credenciados. A sociedade disponibiliza no seu site os nomes dos cirurgiões habilitados para realizar procedimentos estéticos. Os médicos qualificados têm uma carga horária maior de residência médica, com três anos de estudo além dos dois anos de residência médica - diz Bruno Herkenhoff, acrescentando que trabalho realizado por profissionais sem qualificação pode resultar em necroses e perfurações de órgãos além de mortes, como ocorreu com Fernanda.
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Redação iBahia
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