O Ministério Público Federal (MPF) vai investigar a expulsão da mulher negra de um avião da Gol Linhas Aéreas que saía de Salvador com destino à São Paulo. O caso aconteceu na noite da última sexta-feira (28).
De acordo com o MPF, o objetivo do procedimento é apurar se houve racismo e violação dos direitos das mulheres, “para que se possa adotar as providências compensatórias, reparatórias e de responsabilização, no âmbito cível, para a proteção dos direitos coletivos eventualmente violados”.
Leia também:
O órgão também oficiou os envolvidos no episódio para que prestem esclarecimentos sobre os seguintes pontos:
- à companhia aérea Gol: que apresente detalhes sobre o episódio, cópia da regulamentação que orienta seus funcionários em situações dessa natureza, qualificação de toda a equipe de bordo que estava presente e, ainda, esclarecimento referente a treinamento e qualificação de seus funcionários sobre o tratamento a ser dispensado aos passageiros, sobretudo para evitar qualquer espécie de discriminação;
- à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac): que se manifeste sobre o episódio, em especial quanto à regulamentação existente acerca dos poderes da equipe de bordo, limites e instrumentos para fiscalização das decisões tomadas e prevenção de eventuais atitudes abusivas e discriminatórias em relação a fatos ocorridos em aeronaves;
- à Superintendência Regional da Polícia Federal (PF) na Bahia: que apresente informações detalhadas sobre a atuação dos policiais federais no episódio, inclusive qualificação dos agentes, e regulamentação existente quanto a procedimentos e verificações a serem realizadas quando acionados pela equipe de bordo de aeronaves.
A partir dessas informações, o MPF informou que vai analisar a possível prática de racismo e violação dos direitos e definir os próximos passos. O suposto crime de racismo também está em apuração pela área criminal do órgão federal. A investigação corre em sigilo.
Entenda o caso
Um vídeo que circula nas redes sociais, divulgado por famosos como Manoel Soares e Rita Batista, mostra a mulher explicando para os outros passageiros que não teve auxílio dos comissários para colocar a bagagem no avião, por ter sido orientada a despachar a mala.
Enquanto Samantha desabafa sobre o ocorrido, outros passageiros acusam a empresa aérea de racismo pela situação.
"Se eu despachasse o meu laptop ficaria aos pedaços. Os comissários não moveram um dedo para me ajudar, quem me ajudou foi esse senhor e essa senhora, que em 3 minutos a gente conseguiu dar um jeito e colocar minha mochila. Pelo contrário, os comissários falaram pra mim que se agente pousasse em Guarulhos a culpa era minha, porque ele não teve coragem de falar isso para mim. A culpa não é porque o voo está 2 horas atrasados. Sendo que tem mais de 1 hora que eu coloquei a mochila aqui."
No vídeo é possível ver três policiais no aguardo para conduzir Samantha para fora da aeronave. "Agora vem 3 homens para me tirar do voo, três homens para me tirar do voo sem falar o motivo. Eu perguntei qual é o motivo que está me tirando desse voo, ele não vai falar", desabafa.
De acordo com a comunicadora Elaine Hazin, que também estava no voo e foi a primeira a compartilhar o episódio na web, Samantha foi ajudada por Manoel Soares, que conseguiu dois advogados para auxiliar a mulher após a retirada do voo.
"A tripulação ignorava completamente o desespero desta mulher que era obrigada a despachar a mochila com seu computador - sendo, inclusive, acusada por parte da tripulação de ser "a razão do atraso". Ela foi levada pela Polícia, eu quase foi levada junto por defendê-la, me agrediram, me ameaçaram. A mãe de Samantha chorava desesperada ao telefone por não saber o destino de sua filha. (...) Graças ao meu amigo Manoel Soares, Samantha não ficou só e teve o apoio de 2 advogados".
Procurada pelo iBahia, a Gol Linhas Aéreas Inteligentes informou que a passageira foi removida do voo por não ter aceitado a solução proposta pela companhia aérea para transportar a bagagem dela. De acordo com a empresa, a retirada de Samantha da aeronave aconteceu por motivos de segurança.
"A GOL informa que, durante o embarque do voo G3 1575 (Salvador - Congonhas), havia uma grande quantidade de bagagens para serem acomodadas a bordo e muitos Clientes colaboraram despachando volumes gratuitamente. Mesmo com todas as alternativas apresentadas pela tripulação, uma Cliente não aceitou a colocação da sua bagagem nos locais corretos e seguros destinados às malas e, por medida de segurança operacional, não pôde seguir no voo.
Lamentamos os transtornos causados aos Clientes, mas reforçamos que, por medidas de Segurança, nosso valor número 1, as acomodações das bagagens devem seguir as regras e procedimentos estabelecidos, sem exceções. A Companhia ressalta ainda que busca continuamente formas de evitar o ocorrido e oferecer a melhor experiência a quem escolhe voar com a GOL e segue apurando cuidadosamente os detalhes do caso."
Redação iBahia
Redação iBahia
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!