Em depoimento que já está no gabinete da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, o miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando de Curicica, dá sua versão para o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, há seis meses. Um dos principais investigados pela Delegacia de Homicídios da Capital, Curicica afirma que os dois foram executados pelo Escritório do Crime, grupo de matadores de aluguel formado por policiais militares da ativa e ex-policiais.
Entre os PMs que integram esse grupo há um major que está no Curso Superior de Polícia (CSP) para ser promovido a tenente-coronel, podendo alcançar a mais alta patente da corporação: coronel da PM.
A existência do Escritório do Crime foi revelado pelo GLOBO em reportagem publicada no dia 19 de agosto. Seus integrantes são apontados como executores de crimes considerados de “difícil elucidação”, cometidos principalmente a mando de contraventores e políticos. Os criminosos cobram de R$ 200 mil a R$ 1 milhão.
A morte de Marielle teria custado R$ 200 mil. Curicica diz que, embora saiba quem matou a vereadora, desconhece a motivação dos criminosos.
A Delegacia de Homicídios da Capital (DH) passou a levar em conta essa linha de investigação há cerca de um mês. Dois suspeitos de integrar o Escritórios do Crime já foram ouvidos.
A morte de Marielle foi muito bem planejada, praticamente sem deixar rastros, o que acaba sendo uma assinatura dos homicídios atribuídos a esse grupo. O fato de o celular de um dos integrantes do bando ter sido rastreado, dias antes, perto do local do crime, também reforça a suspeita de participação de integrantes do grupo, do qual participa um ex-policial do Bope.
Preso na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte (RN), Orlando de Curicica pediu ajuda ao juiz federal Walter Nunes, corregedor da unidade, que encaminhou o caso à Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do estado.
Ao prestar depoimento, há uma semana, Curicica pediu proteção. Ele acredita que não corre perigo de vida dentro da unidade federal, mas teme pela segurança da família, no Rio. A gravidade do caso levou a procuradora regional Caroline Maciel, do Rio Grande do Norte, a solicitar o acompanhamento do caso por parte da procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Deborah Duprat, que o repassou a Raquel Dodge. Caberá à procuradora-geral decidir se vai requerer a federalização das investigações, transferindo o caso para a Polícia Federal.
A viúva de Marielle, Mônica Benício, disse que pretende marcar audiência com Dodge. Ela está em Portugal e vai pedir à OEA que envie ao Brasil observadores internacionais.
— Estou convencida de que a federalização é o único caminho para elucidação do caso — disse Mônica.
Se a federalização for aprovada, a PF já tem uma equipe para assumir a investigação.
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Redação iBahia
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