A médica cubana Ramona Matos Rodriguez reiterou na tarde desta quinta-feira (6) que se sentiu enganada pelo governo de seu país. Segundo Ramona, os profissionais que se preparavam para vir ao Brasil para participar do programa Mais Médicos só sabiam da remuneração que receberiam ao assinar o contrato, com a empresa Comercializadora Mercantil de Servicios Médicos S.A., três dias antes da viagem. “Em uma reunião em janeiro de 2013, quando perguntamos sobre o pagamento, nos responderam: 'não temos autorização para falar sobre isso'. Essa era a resposta. Três dias antes da minha viagem, marcada para dia 2 de outubro, foi entregue o contrato de trabalho. E foi quando nos inteiramos sobre o pagamento, que seria US$ 400 aqui e US$ 600 lá [em Cuba]”, lembrou. A médica explicou que poderia desistir da viagem, mesmo três dias antes, mas disse que, ainda assim, a remuneração de US$ 400 parecia ser muito mais vantajosa do que os US$ 35 mensais que ela recebia por seu trabalho em Cuba. O que não revelaram, ressaltou ela, é que o custo de vida no Brasil “é muito mais dispendioso”. Ramona conversou com jornalistas após ter ido ao Departamento de Polícia Federal, no aeroporto de Brasília, onde deu entrada no pedido de emissão de documentos pessoais. Agora, a médica aguarda a emissão da Carteira de Trabalho e Previdência Social. Enquanto espera a análise do pedido de refúgio apresentado ao Conselho Nacional de Refugiados (Conare), a médica deve entrar na Justiça do Trabalho na tentativa de receber a diferença dos R$ 10 mil que os médicos de outras nacionalidades ganhavam pelo programa do governo brasileiro. Segundo Ramona, muitos dos médicos cubanos pensam como ela, mas não têm coragem de se expressar, por medo de represálias. Ela reitera que agora é “livre” e diz que vai “lutar” pelos direitos de seus compatriotas participantes do Programa Mais Médicos. “Vou lutar muito para que os médicos cubanos que trabalham no Mais Médicos tenham o dinheiro que lhes corresponde, com igualdade para seu trabalho."
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