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Mãe de crianças estupradas e mortas é presa por ser conivente

Crianças foram estupradas, agredidas e mortas pelo marido dela, o pastor George Alves - pai de Kauã e padastro de Joaquim

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Redação iBahia

21/06/2018 às 13:00 • Atualizada em 31/08/2022 às 19:08 - há XX semanas
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A justiça do Espírito Santo mandou prender a pastora Juliana Salles, mãe dos irmãos Kauã Salles Butkovsky, de 6 anos, e Joaquim Alves, de 3 anos, que foram estuprados, agredidos e mortos pelo marido dela, o pastor George Alves - pai de Kauã e padastro de Joaquim. O crime aconteceu no dia 21 de abril, na casa da família, na cidade de Linhares, norte capixaba. Ela está presa em Teófilo Otoni, Minas Gerais, e será transferida para um presídio do Espírito Santo, onde ficará em cela isolada.

Foto: Reprodução/Tv Gazeta

A decisão judicial que determinou a prisão preventiva da pastora dá revelações estarrecedoras sobre o envolvimento dela no caso - até então não havia nenhuma suspeita contra a pastora. De acordo com as investigações, Juliana Salles tinha conhecimento de outros abusos sexuais sofridos pelos filhos e nada fez para pôr fim às agressões. As descobertas surgiram após perícia nos celulares do pastor George e da pastora Juliana, onde peritos chegaram a encontrar troca de fotos das crianças machucadas.

"Juliana tinha conhecimento dos supostos abusos sexuais sofridos pelos seus filhos e vítimas, tanto que em uma conversa entre os acusados (ela e o marido), a vítima Kauã reagiu emocionalmente após ter sofrido 'maldades' por parte de dois 'caras' na piscina, entretanto, eles não tomaram qualquer medida ou providência em relação ao ocorrido", diz trecho da decisão judicial de quatro páginas.

O juiz André Dadalto cita, ainda, que Juliana sabia dos desvios de caráter do marido "a iniciar pela diferença de tratamento entre os filhos do casal e o enteado, inclusive deixando faltar alimento, medicamento e atendimento médicos a eles". De acordo a decisão judicial, Juliana "tinha ciência do comportamento sexual incompatível com a sua pregação, já que em troca de mensagens a mesma dizia ter 'nojo' e ele dizia se sentir 'imundo' e um 'lixo' por seus comportamentos".

CRIANÇA DENUNCIARAM ABUSO A ESCOLA

Ainda de acordo com a decisão judicial os irmãos Kauã e Joaquim já haviam relatado na escola os abusos sexuais." A vítima Kauã em certas ocasiões chorava desesperadamente, mas alegava aos seus professores que não podia relatar a motivação". A decisão prossegue afirmando que "Joaquim, também na escola, relatava que sofria abusos sexuais, quando então os acusados lá compareceram no estabelecimento de ensino afirmando que os abusos não eram praticados no âmbito doméstico e familiar". Segundo as investigações, o casal tentou direcionar a culpa para outra criança de cinco anos.

Outra trecho da decisão revela que, após a morte dos irmãos, o casal esteve junto na casa para alterar a cena do crime.

"Como não bastasse isso, os denunciados, após os fatos, se dirigiram até a casa, jogaram objetos no quarto das crianças e retiraram quase todos os objetos da mesma, inclusive lençóis e demais roupas de cama, entregando-os a terceiros para serem lavados".

O Ministério Público acredita que mesmo conhecendo todo o histórico de George, a esposa o apoiava em seus propósitos "em ascender na igreja, angariando fiéis e assim qualidade de vida financeira até então não experimentada por eles". Em outro trecho da decisão consta que "o pastor George em parceria com a pastora Juliana buscava uma ascensão religiosa e aumento expressivo de arrecadação de valores por fiéis e, para esta finalidade, ceifou a vida dos menores Kauã e Joaquim parasse utilizar da tragédia em seu favor".

O juiz André Dadalto fez questão de ressaltar que os depoimentos prestados por Juliana são contraditórios com os laudos e relatórios feitos nos telefones dela e do marido. Nos depoimentos na esfera policial ele dizia que era um bom pai e possuía relação harmoniosa com a família, "o que não se coaduna com as mensagens trocadas por eles, que demonstra que tinha uma relacionamento conturbado é um desprezo de George pelas crianças".

Ainda de acordo com o juiz, Juliana demonstrou tranquilidade diante de conversas que teve com sua mãe, onde "relata que dormiu bem após o ocorrido". Numa outra mensagem enviada ao marido quando ele foi intimado a prestar depoimento Juliana diz: "eu não estou preparada para dar errado" bem como afirma em conversa com alguns pastores, demonstrando nervosismo, que "não sei se vou conseguir ser forte até o final".

Para o Ministério Público, ela podia ter evitado a morte do filhos. Sendo assim, o juiz afirmou que "os fatos verificados nos autos evidenciam a pratica de conduta grave e não comportam, por ora, nenhuma medida cautelar menos gravosa a não ser a prisão preventiva". Ele determinou que Juliana fosse recolhida em cela separada para garantir sua integridade. E encerrou a decisão determinado que os autos tramitem em segredo de justiça.

O pastor e a pastora viraram réus. Ele responde por dois homicídios qualificados; dois estupros de vulneráveis; dois crimes de tortura; e fraude processual por ter alterado a cena do crime. Ela, apesar de não estar em casa no dia do crime, responde também por dois homicídios; dois estupros de vulnerável; e também por fraude processual.

Os advogados que defendem o pastor e a pastora afirmaram que a pastora estava em Teófilo Otoni para acompanhamento médico e psiquiátrico em virtude dos fatos ocorridos. De acordo com o comunicado da defesa, a pastora vinha sendo ameaçada de morte na cidade de Linhares, "o que a impedia de se locomover até mesmo para ir ao médico". A defesa disse que ainda não teve acesso às acusações contra a pastora porque "não esperava nada contra ela".

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