A juíza Simone de Araújo Rolim, da 29ª Vara Criminal da capital, acolheu denúncia do Ministério Público estadual contra três líderes religiosos acusados de abusarem sexualmente de seguidores em rituais de "iniciação tântrica". Por determinação da Justiça, Marcelo Antonio Marques Prazeres, Leonardo Campello Ribeiro e Jayson Garrido de Oliveira passarão a usar tornozeleiras eletrônicas e estão proibidos de frequentar o Centro Espiritualista Semeadores da Luz (CESL), na Ilha do Governador, na Zona Norte da cidade, onde os abusos teriam ocorrido. Também fica vedado aos denunciados fazer qualquer tipo de contato com fiéis ou testemunhas de acusação.
De acordo com o promotor de Justiça Sauvei Lai, da 30ª Promotoria de Investigação Penal do MP, que assina a denúncia, o MP pediu a prisão dos três. O pedido, no entanto, não foi deferido pela Justiça. Agora, os advogados dos acusados terão dez dias para apresentar sua defesa preliminar e, a partir daí, o juiz marcará audiências para ouvir as vítimas e testemunhas.
— É um caso complexo, com várias vítimas e testemunhas. Minha estimativa é que esse processo dure de seis meses a um ano até a sentença — diz o promotor.
De acordo com a denúncia, Marcelo, Leonardo e Jayson - apontados como presidente, vice-presidente e médium ativo do centro religioso - simulavam incorporar entidades e usavam da posição de liderança espiritual para manter relações sexuais com homens e mulheres que frequentavam o local.
Um homem que frequentou o local por cerca de dois anos relatou ter sido vítima de pelo menos 50 atos libidinosos praticados por um líder religioso do local. Outro frequentador do centro sofreu abusos por 14 anos consecutivos. Uma terceira vítima se submeteu a cinco relações sexuais e, após questionar a prática, foi convencida a manter os atos por mais oito meses, acreditando ser obrigada a cumprir o compromisso de ordem espiritual já assumido. Até uma adolescente de 15 anos teria sido abusada, em sua própria casa, por um dos líderes que alegou estar sendo possuído por "Exu Caveira" em um ritual chamado por ele de "magia vermelha".
A denúncia do MP trata Marcelo e Leonardo como "pessoas inteligentes, com profundos conhecimentos religiosos e alto poder de persuasão". No centro, que alega pregar o universalismo como filosofia, reunindo vertentes religiosas de umbanda, candomblé, Igreja Gnóstica Cristã e correntes orientais, os três, de acordo com a denúncia do MP, diziam estar possuídos por entidades como "Caboclo Pena Branca", "Preta-Velha Maria Conga", "Vovô-Rei Congo de Aruanda" e "Boiadeiro Urubizara" para coagir os fiéis a ter relações com eles.
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Redação iBahia
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