A junta médica da Câmara que examinou o deputado licenciado José Genoino (PT-SP) determinou que ele seja submetido a nova perícia em 90 dias. "A junta concluiu que o periciado não é portador de cardiopatia grave do ponto de vista médico pericial", informa a nota divulgada na tarde desta quarta-feira (27) pelos profissionais.
Para elaborar os laudos, os médicos se basearam nos exames feitos por Genoino no Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (IC-DF) e em testes físicos aplicados pela junta.
O laudo, assinado por quatro médicos da Câmara dos Deputados, diz que, após a cirurgia de correção da dissecção da aorta, em julho, o quadro clínico de Genoino melhorou, do ponto de vista cardiovascular. Mas, com a prisão dele, no último dia 15, houve piora na pressão arterial e na coagulação sanguínea, o que, conforme os médicos, pode evoluir para um quadro de cardiopatia grave.
"Trata-se de um indivíduo sob risco de desenvolver futuros eventos cardiovasculares e progressão da doença. Nessas circunstâncias, a atividade laboral poderia acarretar riscos tanto de descontrole da pressão arterial que, em associação com a anticoagulação sanguínea inadequada, aumentaria o risco de eventos cardíacos", diz a avaliação.
O laudo faz parte do processo de aposentadoria por invalidez aberto por Genoino na Câmara. Os médicos determinaram que, após 90 dias seja feita nova perícia para avaliar a capacidade laboral do deputado. Segundo o cardiologista Luciano Cavalcanti, integrante da junta, esse período vai servir para avaliar se, com o tratamento, haverá progressão da doença.
"No momento, não existe cardiopatia grave. O que se pode dizer é que, no momento, ele não tem condição de voltar ao trabalho", disse Cavalcanti. De acordo com o médico, houve piora em relação à primeiro avaliação. "O que houve de diferente de setembro para cá foi, obviamente, a situação de stress a que ele foi submetido. E esse stress aumenta nitidamente os parâmetros da pressão arterial."
Apesar do uso de medicamentos, a pressão arterial ainda não está bem controlada, por isso, é necessário um período maior, de 90 dias, para que o remédio seja adequado, ajustado, para ver se a situação volta ao controle, completou o diretor do Departamento Médico da Câmara, Jezreel Adelino da Silva.
Ele esclareceu ainda que os médicos têm prazo de até dois anos para avaliar o paciente e determinar se ele tem condições de voltar ao trabalho. "Para que não aconteça algo que é pior, que é rotular uma pessoa como inválida, com uma incapacidade definitiva, e ela nunca mais poder voltar a trabalhar."
Genoino está preso desde o dia 15 deste mês, quando começou a cumprir a condenação que sofreu na Ação Penal 470, o processo do mensalão. Depois de preso, o ex-presidente do PT passou mal e foi internado no Instituto de Cardiologia do Distrito Federal com suspeita de infarto. O parlamentar cumpre agora prisão domiciliar.
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