O desabafo de uma jovem de Curitiba no Facebook alertou para os abusos constantes no transporte público nas cidades brasileiras. No texto, a jovem chamada Grazi Oliveira conta que um rapaz se aproximou dela dentro de um ônibus e ejaculou em sua saia.
"Eu não quero mais ligar pra minha mãe chorando, eu não quero mais ter medo de andar na rua, eu não quero mais me culpar por ser a vítima, eu não quero mais ter que pensar no tamanho da minha saia antes de sair de casa, eu não quero ter que limpar a sujeira dos outros", desabafou a jovem.
Foto compartilhada por jovem em suas redes sociais (Foto: Reprodução/Facebook) |
O depoimento da jovem foi compartilhado por milhares de jovens. Algumas relataram terem passado pelo mesmo tipo de abuso. "Grazi, não há palavras que descrevam o tamanho da minha tristeza e indignação. Sinta-se abraçada, força e todo amor pra você", escreveu uma jovem. "Acho que nós homens, homens de verdade, devemos nos desculpar por algumas espécies que não deveriam existir na face da terra", escreveu outro usuário. Outros usuários criticaram a exposição do fato e duvidaram do ocorrido. Leia o relato na íntegra: "Aquele tipo de texto difícil de escrever porque suas mãos ainda estão tremendo. Eu só queria ir pra casa depois de uma longa espera no pronto atendimento. Pegar o ônibus, ir pra casa. Entrei no tubo, o ônibus veio logo, estava cheio, horário de pico, mas sabem como é CENTENÁRIO/ CAMPO COMPRIDO sempre tem espaço pra mais um. Me ajeitei no cantinho, segurei a bolsa e só pensei na hora que ia poder tirar essa bota quente, pois Curitiba não decide quantas estações vai fazer em um dia. Mas não é fácil assim, ir pra casa não é fácil assim. Se você é mulher e precisa pegar um ônibus lotado, com certeza, não vai ser fácil chegar em casa. Guardei o celular na bolsa e foi então que eu percebi que ele estava ali. Parado bem nas minhas costas, aproveitando de cada curva para se esfregar em mim. Tentei dar um passo pra frente mas ele acompanhou, continuando encostado. Não bastasse ele começou a respirar muito forte por cima do meu ombro, chegando a gemer baixinho. Tentei empurra-lo com o cotovelo, ir para outro lugar mas não tinha jeito. Ele continuou ali, se esfregando e gemendo. Precisei descer no tubo que seguia, mesmo não sendo o meu. Antes de sair o empurrei e disse a ele que era um velho nojento e deveria se envergonhar de agir desse modo em qualquer lugar que seja. Ao descer percebi que ele não havia apenas se encostado e insinuado, ele havia ejaculado na minha saia, e então eu desabei. Agora, chegando em casa, não estou feliz por tirar essas botas quentes. Agora, chegando em casa, estou limpando de mim mais um dia difícil de se chegar em casa. Eu não quero mais ligar pra minha mãe chorando, eu não quero mais ter medo de andar na rua, eu não quero mais me culpar por ser a vítima, eu não quero mais ter que pensar no tamanho da minha saia antes de sair de casa, eu não quero ter que limpar a sujeira dos outros. Desculpem o texto e a imagem mas eu to cansada, irritada e triste, e se eu tivesse a opção desejaria nunca ter que falar sobre essas coisas. Desejaria que essas coisas nunca acontecessem."
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