Em junho, a Itália vai consultar sua população em um referendo para saber se constrói usinas nucleares. No Brasil, aproximadamente 220 mil cidadãos italianos residentes terão direito a voto e escolherão entre o ‘sim’ e o ‘não’. De acordo com a Embaixada da Itália em Brasília, esse é o segundo referendo acerca do assunto. Em 1987, logo após o desastre nuclear de Chernobyl, os eleitores rejeitaram o uso da energia atômica. Os eleitores no Brasil – italianos e descendentes que têm a cidadania – receberão em suas casas as cédulas de votação. Se o material não chegar pelo correio até este domingo (29), é preciso procurar o consulado da Itália mais próximo e requisitá-lo, pois deve ser reenviado por carta até o dia 9 de junho. Pelas contas da Embaixada, o estado de São Paulo abriga 148 mil italianos registrados, dos quais 99 mil podem votar. Na área de circunscrição do Consulado Geral da Itália no Rio de Janeiro, que abrange os estados fluminense, do Espírito Santo e Bahia, cerca de 35 mil pessoas devem votar. O referendo está marcado para ocorrer no país europeu nos dias 12 e 13 de junho e propõe ainda mais três questões. Perguntas Além da pergunta sobre as usinas, os eleitores devem decidir se ministros e o presidente do Conselho de Ministros podem ser impedidos de ir a julgamento enquanto ocupantes desses cargos (isso inclui o primeiro-ministro). Também tratarão sobre a gestão dos serviços públicos de relevância econômica e a determinação da tarifa do serviço hídrico. Facultativo, o voto é gratuito. As despesas postais são pagas pelo Ministério das Relações Exteriores da Itália. De todas as perguntas, o aposentado Luca Erriquez, de 78 anos, só tem uma certeza: vai votar pela não construção de usinas nucleares na Itália, onde nasceu. "Quem é que quer o lixo nuclear no seu país? Vou votar contra." Já com relação às outras questões mais específicas, está indeciso. "Sobre essas tarifas, será que estarei ajudando o povo?", questiona. O aposentado, que vive no Brasil há 54 anos, mora em São Paulo e diz que só acompanha as notícias sobre a Itália pelo que chega à TV e ao rádio daqui. Mas afirma que não perde uma votação. "Participo de todas. Já elegi deputados." Casado com uma brasileira, é pai de quatro filhos e todos também têm direito a voto. "Agora eu vou me informar melhor para decidir sobre o voto", conta Erriquez, que recebeu as quatro cédulas em casa na noite da quinta (26). Voz do imigrante O presidente da Câmara de Comércio e Indústria do Brasil-Itália no Rio de Janeiro já recebeu suas quatro cédulas. Ele mantém o voto em segredo, mas diz que a questão é polêmica. “Existe essa questão porque o país fica dependente da energia (atômica) exterior. Mas ele passa por terremotos e ainda existem as dúvidas quanto ao tratamento do lixo atômico. Isso divide opiniões porque traria riscos”, afirma Pietro Petraglia, nascido brasileiro, mas filho de italianos. Para ele, mesmo tratando de assuntos muito específicos do governo italiano, é importante que o imigrante e seus descendentes opinem. “O voto foi uma bandeira que os imigrantes demoraram muito para conquistar e conseguiram em 2001. É uma forma de participar da vida do país”, defende Petraglia. Depois que a população decidiu que a Itália não usaria energia atômica, no fim dos anos 1980, as quatro usinas nucleares pararam suas atividades. A Embaixada ressalta que o voto é permitido aos cidadãos residentes e inscritos no Registro dos Italianos Residentes no Exterior (AIRE). O escrutínio está sob os cuidados do Departamento Central para a Circunscrição Exterior instituído pelo Tribunal Superior de Roma. As informações são do G1
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