O ex-técnico da seleção brasileira de ginástica olímpica Fernando de Carvalho Lopes negou ter praticado abuso sexual de atletas durante 15 anos, até 2016, quando foi afastado da equipe olímpica dos Jogos Rio 2016, após denúncias de um menor. Ele depôs nesta quarta-feira (16) à Comissão Parlamentar de Inquérito dos Maus-Tratos (CPIMT) e foi questionado também por supostos desvios de dinheiro público destinado a pagar a bolsa dos jovens. Segundo ele, os salários eram repassados conforme orientação da supervisora do clube.
Durante o depoimento, Lopes classificou de “vingança” a acusação dos ex-atletas e disse que foram induzidos a falar mal dele. “Acredito numa indução de formação de opinião, principalmente de quem é mais novo. Com relação a muitos que me acusam, são os mesmos que bateram na minha porta pedindo para voltar a treinar comigo. Alegam que foram abusados quando mais novos, mas passam-se oito, nove anos e pedem para retornar”, afirmou.
As perguntas foram feitas pelo presidente da comissão, senador Magno Malta (PR-ES), e pelo relator José Medeiros (PODE-MT) que, ao final da sessão, aprovaram a quebra de sigilo telefônico e fiscal de Fernando Lopes. Por solicitação de Magno Malta, o próprio ex-técnico autorizou a quebra de sigilo dos e-mails e mensagens trocadas por ele e os atletas.
Antes de negar as acusações de que teria dormido na mesma cama e iniciado brincadeiras tocando o órgão genital de crianças e adolescentes, Lopes leu alguns dos depoimentos dos que o acusaram. Ele disse conhecer as pessoas mas negou ter praticado assédio. Segundo o ex-treinador, as denúncias podem ter sido motivadas pelo estilo rígido com que trabalhava.
“Eu xingo, falo palavrão, mas nunca tive intuito de assédio sexual”, disse, complementando que a carreira concorrida que ocupa poderia gerar tentativas de prejudicá-lo, por parte de outros técnicos. Sobre as acusações de que o dinheiro integral das bolsas não era repassado aos atletas, Fernando Lopes atribuiu a responsabilidade a uma supervisora da seleção.
Após ser perguntado várias vezes sobre a identidade da supervisora, o ex-técnico da seleção escreveu em um papel o nome dela, que foi lido em voz alta pelo senador Magno Malta. O parlamentar afirmou que vai convocá-la para as próximas reuniões da CPI, assim como dois ex-atletas, que hoje são maiores de idade e farão uma acareação com o acusado.
Esta foi a primeira vez que Fernando Lopes comentou o assunto, após as acusações virem à tona em uma reportagem do Fantástico, da TV Globo, no fim do mês passado. Segundo o relato de alunos, o ex-treinador teria abusado sexualmente, durante cerca de 15 anos, de crianças e adolescentes, frequentando o banheiro e tocando as partes íntimas dos meninos. Após a notícia, a Caixa Econômica Federal disse que reavaliará o patrocínio à Confederação Brasileira de Ginástica.
A CPI foi criada no ano passado para investigar crimes relacionados a maus tratos de crianças e adolescentes. Nesta quinta-feira (17), vai promover uma audiência pública para a qual foi convidado o atleta Diego Hypólito, que também disse ter sofrido abusos ao longo de sua carreira.
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Redação iBahia
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