O Verão é a estação campeã em casos de diarreia e vômito. Levantamentos do Ministério da Saúde (MS) apontam o Nordeste como a região brasileira de maior incidência de casos nesse período. As infecções podem ter causas distintas, sejam os vírus, bactérias ou parasitas que se alojam nos órgãos responsáveis pela digestão, em especial o esôfago, estômago e intestino. De acordo com a bioquímica do Laboratório de Análises Clínicas Lanac Talita Sabedotti, a incidência é maior no Verão devido ao aumento populacional nas cidades litorâneas e ambientes de praias, onde, geralmente, o saneamento não é adequado. Ela chama atenção ainda para o fato da água do mar e das piscinas, quando poluídas, serem fontes de infecção em massa. “A contaminação se dá por meio da ingestão de alimentos ou líquidos já contaminados, ou ainda no contato com pessoas ou objetos que tenham sido infectados”, diz. Segundo o biomédico Roberto Martins Figueiredo, também conhecido como o Dr. Bactéria das campanhas do MS , mesmo que seja necessário tomar muito cuidado com o alimento que se consome na rua e nos dias quentes, nem sempre a diarreia é resultado do consumo de comida estragada. “Nesta época do ano, ocorrem muitas transmissões orais e até fecais de um tipo de vírus, da classe do rotavírus, que pode causar o problema”, diz o biomédico. Dados do Ministério da Saúde mostram que em 2012 foram registradas 84.535 internações na região Nordeste provocadas por diarreias e outras infecções gastrointestinais. Esse é o maior índice nacional, que representa 45% de todos os registros do país. Índice igualmente significativo envolve crianças de 0 a 9 anos – público que concentrou 50% dos casos registrados. Sinais Segundo Talita, os principais sintomas da infecção intestinal são diarreia, vômito, febre, mal-estar. Coriza e tosse podem aparecer, às vezes, e a desidratação, nos quadros graves. “A principal maneira de prevenção é a lavagem das mãos e dos alimentos de forma adequada, além de utilizar apenas água tratada e manter sempre limpos os utensílios utilizados na cozinha”, explica.Outras dicas são evitar aglomerações, beber bastante líquido e evitar contato com pessoas doentes. O diretor clínico da Biolab e pediatra Fernando Fernandes destaca que a contaminação pode se dar por via oral ou respiratória. Para este último caso, a solução é a vacina contra o rotavírus, que deve ser aplicada em crianças menores de 5 anos. Nesse período de férias, Roberto Figueiredo sugere que se evite o consumo de alimentos suspeitos na rua. “Até aqueles aparentemente seguros, como o queijo na brasa ou a ‘inocente’ raspadinha de gelo com xarope, pois muitas vezes o gelo é obtido a partir de água contaminada e o queijo não conseguiu passar tempo suficiente no fogo para matar as bactérias”, completa. O médico Fernando Fernandes destaca que a prevenção da diarreia passa, decisivamente, pela higiene.“Hábitos saudáveis – como lavar as mãos antes de manipular alimentos, que devem ser fervidos antes do consumo, ingerir água filtrada ou fervê-la antes de beber e manter a nutrição adequada – devem ser incentivados”, alerta o pediatra. Outro hábito que deve ser evitado é deixar os alimentos preparados ou suas sobras muito tempo fora da geladeira, isto é, em temperatura ambiente. “Duas horas após seu preparo, bactérias e toxinas começam a se desenvolver e multiplicar-se nos alimentos”, diz. TratamentoSe apesar das dicas, não teve como fugir da contaminação, lembre-se que a diarreia é uma doença autolimitada. “Se o paciente descansar e se hidratar bem, o próprio organismo tende a dar conta do problema”, pontua o Dr. Bactéria. Para não deixar o problema se agravar, não use medicação sem orientação médica. O médico Fernando Fernandes ressalta que um dos aliados, com eficiência comprovada cientificamente para auxiliar no combate e prevenção à diarreia, além de diversos benefícios para bom funcionamento intestinal, são os probióticos. “Eles são micro-organismos vivos que, ingeridos, beneficiam o organismo ao atuar sobre o equilíbrio bacteriano intestinal e os quadros de diarreias”, esclarece, lembrando que os probióticos auxiliam na recolonização intestinal e redução em 24 horas do tempo de incidência de diarreia. Como o problema costuma ser mais frequente em crianças e com impactos muito mais significativos, a orientação do pediatra Fernando Fernandes é que as mães de crianças que estejam amamentando não suspendam o aleitamento, que além de alimentar, vai possibilitar que a cura chegue de modo mais rápido. Segundo o médico, quanto mais tempo a criança é amamentada, mais defesas terá. Como os bem pequenos, geralmente, não pedem água e tão pouco sabem dizer o que sentem, os pais precisam ficar atentos a situações onde além das fezes líquidas, a criança apresenta boca seca, irritação e sonolência. “É importante que seja oferecido a elas pequenas quantidades de líquidos várias vezes ao dia, até que a urina esteja clara, os olhos úmidos e a boca com saliva”, explica. Para fazer um cálculo aproximado, lembre-se que que é preciso oferecer ao longo do dia, cerca de 150ml de líquido por quilo da criança. Logo, uma criança com 10 quilos, por exemplo, precisará de 1,5l de água ao longo do dia. O pediatra deve ser procurado o mais rápido possível. * Sintomas indesejados 45% de todos os registros de internações no país motivados por diarreias e outras infecções gastrointestinais estão no Nordeste 50% dos casos registrados acometem crianças numa faixa etária entre 0 e 9 anos. Para evitar a desidratação, ofereça 150ml de água por kg 84.535 internações ocorreram nesse período por conta da diarreia. O distúrbio é considerado uma das principais causas de morte de crianças no mundo Matéria original: Correio 24h Cuidado com a água, comida de rua e as aglomerações; Nordeste lidera os casos de diarreia
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