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Crise... e a família “Brasil” com isso?

Entenda a crise mundial de maneira fácil

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08/09/2011 às 16:34 • Atualizada em 27/08/2022 às 18:57 - há XX semanas
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Imaginemos que todos nós moramos há muito tempo em um bairro onde existem três famílias tradicionais cujos sobrenomes são: Estados Unidos, Zona do Euro e Japão. Essas famílias são conhecidas por suas grandes lojas que empregam muitos no bairro, além de venderem diversos produtos bastante utilizados na vida cotidiana de todos. Entretanto, com o passar do tempo, devido ao excesso de riqueza, a família EUA começou a gastar mais do que podia. Isso ocorria sem problemas pois todas as demais famílias no bairro emprestavam para eles, pois acreditavam que nunca aplicariam o “calote”. Para espanto geral, porém, o pai da família dos EUA, chamado de “Democratas”, começou a ter conflitos com sua esposa “Republicanas” sobre o gerenciamento das dívidas e como os gastos estavam sendo realizados na casa. Boatos recentes já corriam que o casal estava gastando mais do que devia nos últimos anos e suas lojas estavam vendo seu grande lucro diminuir com a crescente competição das Lojas do Sr. Xing Ling (Chinês, novo no Bairro). Como resultado, novos rumores surgiram no bairro de que a família EUA não poderia continuar se endividando tanto para não por em risco sua credibilidade de excelente pagador. Outro rumor no Bairro era de que a família “Zona do Euro” começou a ter problemas com os gastos dos seus filhos menores “Portugal”, “Irlanda” e “Grécia” (esse último já começando a ficar com fama de mal pagador no bairro). O Sobrenome “Zona do Euro” ajudava a dar credibilidade para o trio “PIG” e todos ainda continuavam a emprestar dinheiro para que os “garotos” conseguissem rolar suas dívidas. Mas a pergunta de “até quando essa gastança vai durar?” começou a circular no bairro. Contudo, para o azar do Patriarca e Matriarca da família “Zona do Euro”, Sr. “Alemão” e Dona “França”, seus filhos mais velhos, “Espanha” e “Itália”, como tinham posição de destaque no bairro estavam também envolvidos com grandes dívidas. Toda essa situação fez com que a família fizesse uma reunião definindo cortar gastos para honrar todas as suas dívidas e manter o bom nome no bairro. Entretanto, para economizar a família teve que cortar investimentos em novas máquinas em todas suas lojas e também demitir empregados, o que diminuiu seu lucro e aumentou o desemprego no Bairro afetando negativamente os negócios de outras famílias. Além disso, todos no bairro viram que, ao cortar investimentos em suas lojas, a família “Zona do Euro” terá menor lucro no futuro, o que pode complicar na hora de pagar as altas dívidas de seus filhos. Então, todos que já emprestaram dinheiro ficaram com medo de não receberem e os que pensavam em emprestar resolveram aguardar um pouco mais. Os novos empréstimos (quando ocorrem!) estão saindo com taxas de juros mais altas, devido ao risco de calote que se disseminou no bairro. A falta de empréstimos a juros baixos e a queda na confiança de que os negócios vão prosperar dificultam a ampliação das lojas e a geração de empregos no bairro. Com o medo do calote crescendo no bairro, os moradores decidiram investir suas poupanças nos negócios da família “Japão”. As lojas do Japão são grandes, sólidas e famosas no bairro, mas não conseguem aumentar o número de clientes. Ou seja, esse excesso de investimentos na família Japão pode gerar dois problemas: (i) A família terá que remunerar todos esses investimentos dos outros, mesmo sem precisar, (ii) ela não conseguirá ajudar a gerar novos empregos no bairro para absorver os desempregados gerados pelas outras duas famílias tradicionais. Ademais, vale lembrar que o próprio negócio do Japão será afetado pelos cortes nos gastos das outras duas famílias, “EUA” e “Zona do Euro”, uma vez que são seus principais clientes. Após essas constatações, o Bairro passou a analisar quem são as novas famílias ascendentes socialmente e que poderiam gerar empregos e serem bons pagadores. Analisaram os negócios do Sr. Xing Ling, mas foi observado que esse já trabalhava em capacidade máxima, dificultando assim a ampliação de sua produção e geração de emprego, pelo menos neste momento... Chegou-se, então, a conclusão que a família Brasil, conhecida como “Brazucas”, nos últimos anos tiveram um bom crescimento em seus negócios, ampliando o número de suas quitandas, gerando emprego e passando a ser visto no bairro como uma família emergente que poderia a ajudar nessa situação de inquietação econômica no Bairro. O problema é que mesmo os “Brazucas” poderiam ter o número de seus clientes diminuído, fruto do aumento do desemprego geral no bairro e a conseqüente diminuição da procura pelos seus produtos. Deve-se lembrar que, com o aumento do risco de calote no bairro, os empréstimos poderiam ficar mais difíceis, e os juros mais altos inviabilizariam uma expansão dos negócios dos Brazucas no curto prazo, o que poderiam frear ou retardar o acesso dos “brazucas” ao seleto grupo de famílias tradicionais desse bairro, conhecido como “Mundo Globalizado”. Prof. Ricardo Cancio Santos é mestre em economia pela Universidade de São Paulo, fundador do site de popularização do mercado de ações www.trilhacerta.com e profissional do mercado de capitais.

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