A Comissão Nacional da Verdade (CNV) ouviu na tarde desta terça-feira (12) os depoimentos de Maria Eliane de Castro e Elizabeth Silveira e Silva, irmãs de militantes desaparecidos durante a Guerrilha do Araguaia, na década de 1970. Maria Eliane é irmã de Teodoro de Castro, conhecido como Raul e desaparecido há 40 anos. Ela falou aos membros da CNV sobre a luta de sua família para conseguir o reconhecimento de que a filha adotiva de um militar da região em que seu irmão desapareceu é, na verdade, sua sobrinha. Segundo Eliane, um exame de DNA entre a jovem Lia e as irmãs demonstra que há 90% de chances de ela ser filha de Raul. Elizabeth, por sua vez, falou sobre a luta das famílias dos desaparecidos, que resultaram na condenação do Estado brasileiro pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, em 2010. A sentença considerou que as violações de direitos humanos, praticadas no Brasil, não poderiam ter sido anistiadas no fim da ditadura. Elizabeth é irmã do militante do PCdoB Luiz René Silveira e Silva, desaparecido à época. Os membros da CNV ouviram antes, pela manhã, depoimentos de ex-militantes torturados por terem participado da guerrilha. Eles também pretendiam ouvir quatro militares acusados de participar de crimes como prisões ilegais, tortura, assassinato e ocultação de cadáver, mas nenhum deles compareceu à audiência pública. Entre os militares que deveriam ter sido ouvidos hoje está Sebastião Rodrigues de Moura, conhecido como major Curió, que não compareceu porque está internado no Hospital das Forças Armadas, em Brasília. Assessores foram ao hospital e atestaram a internação do major, o que fez com que os membros da CNV adiassem o depoimento dele para data não definida ainda. Cuiró é apontado por ex-presos políticos e até por ex-membros das Forças Armadas, em depoimentos à comissão, como peça-chave para esclarecer o que aconteceu na Guerrilha do Araguaia e onde podem estar os corpos dos desaparecidos. Criada em 2011, por lei federal, a comissão tem o objetivo de apurar as violações aos direitos humanos, entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988. A princípio, os trabalhos não têm a finalidade de incriminar ou servir de base à recomendação de punição aos militares acusados de violar direitos humanos, mas sim esclarecer os fatos para "recompor a verdade histórica e promover a reconciliação nacional". As conclusões deverão constar do relatório final a ser apresentado até 16 de dezembro deste ano, mas a data ainda pode ser prorrogado. Mais de mil depoimentos já foram colhidos pela CNV.
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