Um dia após a votação de primeiro turno, o banheiro feminino de um dos colégios mais tradicionais da Zona Sul do Rio, o Liceu Franco-Brasileiro, apareceu nesta segunda-feira com uma pichação contra mulheres gays. "Sapatas vão morrer, kkk", escreveu o pichador, até o momento não identificado. A escola, que fica em Laranjeiras, distribuiu aos pais uma circular repudiando a expressão encontrada na parede, como publicou o colunista Ancelmo Gois em seu blog . O comunicado é assinado pela diretora pedagógica, Celuta Reissmann, que trata o caso como uma manifestação de intolerância.
"Hoje, pela manhã, fomos surpreendidos com uma pichação no banheiro feminino cujo conteúdo expressava intolerância contra minorias. Somos uma instituição que se firmou no cenário desta cidade e deste país como escola que preza o respeito às diversidades e, portante, não aceitaremos qualquer tipo de manifestação preconceituosa, a qual será combatida com firmeza", dizia o comunicado do Franco-Brasileiro.
A escola afirmou também aos responsáveis que não há no histórico da instituição qualquer registro como esse e que "o problema está sendo tratado com todo cuidado e atenção".
Um dia antes, no domingo, o colégio serviu de local de votação. Pais de alunos levantam a hipótese de que alguém de fora da escola, durante o primeiro turno, tenha feito a pichação.
Enquanto esperavam os filhos deixarem as salas de aula na tarde desta segunda-feira, muitos lamentavam que o clima agressivo visto depois do resultado do primeiro turno, com manifestações de preconceito contra gays e nordestinos, tivesse chegado ao ambiente escolar.
- Não dá para ter ilusão de que esse clima de agressões não está aqui dentro da escola. Mas não acredito que seja um aluno (o autor da pichação), ainda que exista alguém aqui que pense assim - disse Ana Pequeno, mãe de dois filhos, de 5 e 11 anos, no Franco- Brasileiro.
Ela contou que as duas crianças ficaram nervosas no domingo com as discussões e gritaria que marcaram a reta final deste primeiro turno. Ao falar do caso da pichação, acabou fazendo um desabafo:
- Confio muito na escola. Não confio mais é no ser humano.
Um pai de uma aluna de 7 anos, que não quis se identificar, disse que a expressão pichada é "fruto da divisão da sociedade".
- Como minha filha tem só 7 anos, se visse a pichação não entenderia - comentou ele, sem dar importância ao caso na escola e afirmando que votou em Jair Bolsonaro, mas que considera os eleitores do capitão da reserva "extremistas piores" que os da esquerda.
Uma mãe que contou ser baiana e que está "horrorizada" com as manifestações de preconceito contra nordestinos classificou o ato de vandalismo no Franco-Brasileiro como perigoso:
- Estamos vivendo tempos sombrios - disse ela, que tem uma filha de 5 anos e que também pediu para não ser identificada. - Se esse caso for pontual, menos mal. Se for um aluno, a escola precisa se posicionar sobre o tema com conversas internas.
Para outra mãe também com filha de 5 anos na escola, os pais precisam agir se for um aluno o autor do ato. A manifestação no banheiro do colégio é vista como um retrato do que ocorre hoje do outro lado dos muros da instituição.
- Lamentável e absurda essa manifestação. É uma questão de educação dos pais. Tem que ter amor no coração, independente de qualquer coisa - disse, fazendo referência à polarização na campanha eleitoral.
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Redação iBahia
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