Ativista da defesa dos direitos dos animais, a apresentadora Luisa Mell participou, nesta sexta-feira, do resgate de 135 cachorros de diversas raças que estavam sendo explorados para a reprodução e venda de filhotes em Osasco, na Zona Oeste de São Paulo. A operação contou com o apoio da Delegacia de Polícia de Investigações sobre o Meio Ambiente de Osasco (DIICMA). Veterinários, voluntários e agentes da delegacia participaram da ação.
De acordo com a delegada titular da DIICMA, Cristiane Pires, foram encontrados cachorros das raças yorkshire, lhasa apso, golden retriever, shitzu, pug e poodle. Além dos animais vivos, outros nove foram encontrados mortos em sacos plásticos no lixo da residência.
— Recebemos a denúncia por meio da ONG da Luisa Mell e montamos a equipe para realizar o resgate. Eles nos encaminharam fotos e vídeos e contatamos a Zoonose de Osasco e a própria ONG para que pudessem levar os animais resgatados. Quando chegamos ao local, constatamos os maus-tratos. Era insalubre e deplorável. Os cães estavam molhados com a própria urina, estavam desnutridos, alguns em acesso venoso. Encontramos nove deles mortos em sacos plásticos no lixo. O local era horrível. A casa era grande e boa, mas estava tudo sujo e muitos animais machucados — disse a delegada.
Nas redes sociais, Luisa Mell publicou vídeos da operação e de como os animais foram encontrados. Um deles tinha o maxilar quebrado e muitos estavam com os pelos completamente embolados e sujos. Em uma das filmagens, é possível ver uma cadela com problemas nas patas traseiras se arrastar pelo corredor repleto de fezes. Em outro vídeo, a equipe resgata um cachorro com 40 cm de comprimento e cerca de 10 cm de espessura de pelo embolado em urina e fezes.
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— Foi terrível, um filme de terror. Um dos piores casos que a gente já viu e olha que já vimos muitos casos tristes. Cada quarto que entrávamos era um novo pesadelo. Não temos nem ideia de todos os problemas que eles têm. Muitos estavam com o maxilar quebrado, um com olho perfurado por causa das agressões, os pelos embolados com fezes...São animais que sofreram violência de todos os tipos. É uma dor horrorosa. Pessoalmente era muito pior que nos vídeos. As matrizes estavam muito sofridas. Eles eram espancados diariamente, tinham marcas de tortura. Muito cruel — disse Luisa Mell.
A defensora dos animais ainda lamentou que o caso acontecesse em um canil certificado e que, portanto, deveria ser fiscalizado.
— A dona negou que agredisse os animais, mas era muito evidente. O pior para a gente é perceber que pessoas de bem financiam isso e, às vezes, sem nem saber. Eu abri um armário cheio de roupinhas de cachorro caras. Ela vendia o animal, dava banho, arrumava ele, colocava aquela roupinha e o novo dono acreditava que era um bichinho bem cuidado. Não sabe nem o massacre que tem por trás, a vida horrível que eles têm. A gente bate na mesma tecla porque é importante: Amigo não se compra — disse.
Nos vídeos, Luisa e a equipe ainda encontraram cabos de vassoura que estariam sendo usados para agredir os animais. Em um dos vídeos divulgados, a dona do estabelecimento afirma que usava os pedaços de madeira para bater na parede ou na mesa para assustar os animais. A responsável pela residência foi levada para a delegacia.
Segundo a delegada Cristiane, além dos animais, ainda foram encontrados a autorização de funcionamento do canil e carteiras de vacinação com assinatura de veterinários, mas sem o adesivo ou data das vacinas. Dessa forma, a marcação poderia ser adicionada após a compra do filhote.
— Vamos instalar o inquérito policial para investigar o que acontecia naquela casa. Em depoimento, ela afirmou que não maltratava os cachorros, disse que limpava o local duas vezes por dia e confessou que já havia comercializado filhotes. Ela nega veementemente os maus-tratos. Nos pareceu uma acumuladora. Ela foi ouvida e liberada. A princípio ela poderá responder por maus-tratos apenas. Mas, no decorrer da investigação, outros crimes podem entrar no processo. Para nós, fica uma sensação de impotência. Dentro da lei somos limitados ainda — lamentou a delegada.
Todos os animais foram resgatados e encaminhados para o Instituto Luisa Mell, onde receberão atendimento veterinário e ficarão abrigados até que estejam disponíveis para adoção responsável. Nas redes sociais, o resgate chegou a entrar nos assuntos mais comentados no Twitter Brasil. Luisa pediu apoio financeiro aos internautas para custear as despesas médicas dos 135 cachorros.
— Não temos nem condições de resgatar tantos animais. São 135. Mas não poderíamos deixar nenhum para trás. Vamos contar com o apoio das pessoas para cuidar de todos eles fisicamente e também psicologicamente. Não sabemos ainda a dimensão dos tratamentos necessários e nem se todos irão sobreviver, mas faremos o impossível para salvá-los — falou.
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Redação iBahia
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