A Bienal do Livro Bahia 2024 está chegando na reta final e, nesta terça-feira (30), penúltimo dia da feira, a programação teve um foco maior na educação e no legado literário que essa área proporciona ao longo do processo de aprendizagem. Além disso, homenagens ao cantor e compositor Dorival Caymmi, que completaria 110 anos se estivesse em vida.
Em um dos primeiros painéis do dia, Bruno Monteiro, secretário de cultura da Bahia, falou sobre a importância de se pensar em políticas públicas inclusivas e que abraçam a tecnologia.
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"A gente vive numa sociedade em que a informação é cada vez mais livre, circula de uma forma muito rápida e por diversas plataformas. E a gente, para pensar em política de incentivo à literatura e à leitura, nós temos que pensar nessas várias formas também. Não cabe mais um formato que a gente vai impor, que só pode ler se for um livro físico. É o livro físico, é o telefone celular, é o Kindle, é o tablet e nós temos de pensar na política de uma forma que ela seja de fato acessível para os diferentes. Então, por isso, a necessidade de compreender essa diversidade, mas com objetivo único, ter uma sociedade que leia mais, que busca informações em fontes seguras e que com isso com certeza se conheça e se reconheça melhor."
Ainda na ocasião, o iBahia falou com Bruno sobre os preparativos para o São João na Bahia. O secretário fez suspense e disse apenas que o foco será na valorização da cultura nordestina.
"O governo está trabalhando nessa formatação da grade, mas a gente espera ter um São João muito diverso e representativo. E a gente está também investindo muito para a valorização da cultura regional, da cultura nordestina."
O governador Jerônimo Rodrigues também visitou a Bienal do Livro. O gestor estadual falou sobre os baixos índices de leitura do brasileiro.
"Avançamos bastante, mas a participação do brasileiro e brasileira e dos baianos, no que diz respeito à quantidade de livros lidos durante o ano, ainda é relativamente baixa. Nós temos que sair da casa de quatro, cinco livros por ano, para chegar pelo menos a um livro por mês, e não falo do livro didático disponibilizado nas escolas. A gente quer que as pessoas tenham interesse pela leitura, quando a gente estimula a leitura, a gente estimula a escrita."
Homenagens a Dorival Caymmi
O cantor Dorival Caymmi teria completado 110 anos, nesta terça-feira (30), se estivesse em vida. E durante a Bienal, um painel focado na vida e história do artista foi realizado com a presença de Alice Caymmi e Paloma Amado.
Muitas histórias envolvendo o romancista Jorge Amado e o compositor foram citadas durante o bate-papo mediado por Marielson Carvalho.
Alice, neta de Caymmi, trouxe memórias carinhosas que arrancaram boas risadas do público. Uma delas envolve o mar e avenida que hoje tem o nome do artista.
"Caymmi ainda não morava aqui e eu fui com mamãe buscar ele no aeroporto. Aí a gente vinha vindo pelo que hoje em dia é a Avenida Dorival Caymmi, na época não era, e desembocamos em frente do mar. E ele olhou e disse: 'Ai meu Deus, e pensar que tudo isso é meu'. Eu disse: 'tudo o que, vovô?' Ele disse: 'o mar da Bahia.' Então, eu disse: 'e o mar da Bahia é seu?' E ele me respondeu: 'pode ser seu também, é só você querer'."
Já Paloma pontuou que Jorge Amado e Caymmi eram praticamente irmãos gêmeos. Eles discutiam e conversaram sobre tudo. Um ponto de destaque foi uma disputa entre eles sobre quem tinha a melhor avenida. Assista abaixo:
Por fim, após tantas histórias, Paloma falou que o pai era sábio e que tinha um encantamento pela Bahia. Por diversas vezes, ela compartilhou isso com ele.
"As histórias da Bahia, elas envolvem muita magia. Nós vivemos em uma terra de magia e meu pai, que foi um ateu a vida inteira e comunista, ele dizia: 'eu sou um ateu que vivo milagres'. E muitas vezes eu vi milagres junto com ele", disse ela.
Alice Caymmi finalizou o encontro cantando. Ao longo do painel ela cantou músicas do avô como 'Maracangalha' e "Sargaço mar".
Mayra Lopes
Mayra Lopes
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