O terceiro dia de Bienal do Livro Bahia contou com inúmeros painéis com grandes nomes do cenário intelectual de Salvador. Daniela Mercury, Carla Akotirene, Juliana Ribeiro e Márcio Meirelles foram alguns deles.
Com três espaços diferentes, a Bienal trouxe temáticas relevantes que foram desde o amor como ato político até a linguagem baiana, cheia de gírias e formas questionadoras dos poderes.
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A cantora Daniela Mercury fechou o primeiro dia falando das próprias composições, ao lado de artistas como Caetano Veloso e Gal Costa. Assista abaixo:
Além disso, a artista baiana falou dos preconceitos existentes e do impacto do machismo no cenário cultural. No último Carnaval, ela foi questionada por um folião e viralizou com o termo "abre e fecha, vá se lascar"
"Então, eu acho que isso tudo é fruto do machismo, sim, do costume da gente achar que os homens sempre estão na liderança e as mulheres estão sempre comandadas por alguém. Quando entrei no mercado da indústria da música e sempre diziam assim: 'alguém vai lhe descobrir', eu respondia: 'não preciso que ninguém descubra não. Sou que nem o Brasil, já existia antes dos portugueses'. Então, eu me fiz existir. Eu acho que é o que acontece com todas as pessoas fortes, homens e mulheres. Elas se fazem... É uma construção mais difícil. Para as mulheres, é tudo muito mais complicado. Meus fãs que estão aqui, vários deles e delas, me acompanham e estão acostumados a prestar atenção a essa artista que inventa e faz tudo. Eu gosto de inventar tudo que eu faço."
Outros painéis da Bienal do Livro
Carla Akotirene integrou a programação da Bienal do Livro Bahia 2024 na tarde deste domingo (28), ao lado do mediador Franklin Carvalho. Ela abordou temas como racismo, encarceramento, feminicídio e, principalmente, sobre as relações amorosas. A pesquisadora também abordou os gatilhos privados despertados a partir do conflito entre Mani Reggo e Davi Brito, campeão do 'BBB 24'.
"É óbvio que eu sou uma mulher marcada. É óbvio que quando eu vi aquela postagem eu lembrei de todos os estelionatários afetivos que eu tive na minha vida...Então esse é um assunto muito caro pra mim", disse Carla, citando ainda que o afastamento ancestral provoca uma vulnerabilidade psicológica nas pessoas.
Outro painel de destaque reuniu Márcio Meirelles, Juliana Ribeiro e André Uzêda. 'Cajus & Cajives' abordou a linguagem baiana, que dá destaque a todas as formas de vermos e estarmos no mundo, fazendo graça e questionando sistemas e poderes.
"Virou um hit, bicho, esse negócio do 'Calma, Calabreso' e aí eu fiquei pensando que eu nunca tinha ouvido. E aí que agente vê como o gueto é fundamental no processo criativo. Eu sempre digo isso. Quem é ponta de lança é o gueto. Sinto muito os intelectuais, mas é o gueto que lança as modas...é o gueto que lança a moda", citou Juliana Ribeiro.
Márcio Meirelles, que é dramaturgo, diretor teatral e gestor cultural, falou ainda sobre a aplicação dos termos baianos no cinema e no teatro; e da ausência de pessoas negras nesses espaços.
"A gente não tinha todos negros no palco. E, logicamente, a gente não tinha negros na plateia, porque... pra ver o quê? Pra não se ver, né? O teatro era um espelho. Se eu não me vejo nesse espelho, pra quem que eu vou ver? E eu tinha essa coisa na minha cabeça, era uma coisa que cozinhava no meu juízo", desabafou ele.
A ex-BBB Lumena falou sobre o impacto do reality show 'BBB' na vida dela no painel 'Minha vida daria um meme'. Juntamente com Júlio Emílio, co-fundador do Saquinho de Lixo' e Caio Cruz, na mediação, ela criou um debate sobre o peso de ser influencer e as possibilidades de pensarmos em como lidar diante do momento em que vivemos, onde tudo pode virar um meme.
A baiana analisou a jornada dela e, ao final, incentivou as pessoas a criarem bons comportamentos e terem também momentos de experienciar, saindo da zona de conforto.
Por fim, e não menos importante, Ricardo Ishmael integrou um painel infantil de contação de histórias com Mário Omar. A leitura foi do último livro lançado pelo escritor.
Com trilha sonora especial, o momento chamado "Entre páginas: O Pequeno Príncipe das Águas e a Terrível Baleia Branca" encantou as crianças. Todos amaram a história e até ficaram animados para interagir com o também apresentador da TV Bahia. Assista abaixo:
Ingressos para a Bienal do Livro 2024
Os ingressos para a Bienal do Livro Bahia 2024 já podem ser adquiridos, antecipadamente, por meio do site oficial do evento. A entrada inteira custa R$ 30,00, enquanto a meia entrada tem o valor de R$ 15,00. Durante os dias do evento, de 26 de abril e 1° de maio, é possível comprar os tickets na bilheteria física no próprio Centro de Convenções Salvador.
Mayra Lopes
Mayra Lopes
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