Trinta trabalhadores foram resgatados de trabalho análogo ao escravo por auditores-fiscais do trabalho de Camaçari, nos municípios de Entre Rios e Pojuca. A ação foi a primeira Operação Temática de Direitos Humanos no estado da Bahia para combater o crime. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), foram flagrados 13 internos de um Centro de Recuperação de Dependentes Químicos realizando trabalho de construção civil em situação análoga ao trabalho escravo em uma fazenda no município de Pojuca, na Região Metropolitana de Salvador. Eles recebiam entre R$300 e R$400, por mês, e trabalhavam sem equipamento de proteção individual (EPI), sem transporte e sem água tratada para consumo. Além do crime trabalhista, os fiscais encontraram uma situação degradante no centro de recuperação, onde há 76 internos. De acordo com os fiscais, no local foi encontrada uma panela com uma sopa feita de cabeça de um suíno, que seria servida no jantar, e estava desprotegida com muitas moscas. A estrutura do local também não estava em condições de abrigar pessoas. Já em Entre Rios, no nordeste do Estado, 17 trabalhadores foram flagrados na mesma situação em uma fazenda que desenvolvia atividades de granja. As irregularidades encontradas estão nos alojamentos, banheiro sem descarga e panelas de comida "imundas".
Segundo os trabalhadores, a jornada de trabalho começava às 3h e não tinha hora fixa para terminar. Eles eram obrigados a carregar baldes de esterco, que pesavam em média 70kg, na cabeça e recebiam R$6 por tonelada de excrementos. O valor era insuficiente para pagar o acordo com a empresa e sempre acabavam “devendo” aos patrões. Os trabalhadores acabavam confinados durante quatro meses para executar as tarefas. Após o flagrante, os trabalhadores resgatados e um encarregado da fazenda foram conduzidos à Polícia Federal, em Salvador. A ação foi promovida pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS), em parceria com o Ministério Público do Trabalho (MPT), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o governo do estado.
Trabalhadores viviam em alojamentos em condições subumanas em Entre Rios. Foto: Divulgação/PFF |
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