Ubers soteropolitanos, preparem-se: é a hora da revanche. O nome é tão similar quanto sugestivo - Upper. Além de fazer referência ao rival, ainda o provoca. No inglês, a expressão significa “superior”. Ou seja: a promessa é de ser ainda melhor.Começou há cerca de um mês a iniciativa de um grupo de taxistas de Salvador – tal como o Uber, não revelam quantos fazem parte do serviço por aqui. Mas basta dar uma volta pela cidade para perceber que o que não falta é taxista querendo entrar na mesma onda. Descontos, brindes e até as tradicionais balinhas do concorrente fazem parte das investidas.
“O objetivo principal da Upper Táxi é trazer o benefício para o cliente ao mesmo tempo que traz para o motorista: se todos tiverem 20 clientes fiéis, regularmente solicitando corridas, todo mundo vai trabalhar como se fosse um empregado, mas livre, autônomo”, explica o taxista e idealizador do serviço, Alan Soares.A ideia surgiu depois que Alan voltou a trabalhar com táxi, em março – antes da chegada por aqui do Uber, aplicativo de motoristas particulares. Em abril, quando o concorrente aportou na cidade, o impacto foi mais tímido. “Em maio, o Uber começou a machucar”, lembra.Para que as corridas não caíssem, foi fazer contas. Percebeu que se oferecesse um desconto de até 20% aos clientes, não perderia tanto assim – mesmo com os custos de gasolina, manutenção e até da taxa de aluguel do carro, já que trabalha como motorista auxiliar. Em Salvador, cada alvará de táxi dá direito ao motorista titular e outros dois auxiliares.Assim, ficou 20% para as corridas em dinheiro, 15% de redução no valor das corridas pagas no débito e 10% no crédito. Quem preferir pagar no crédito ainda pode dividir o valor em até seis vezes – mas, nesse caso, sem desconto. “É para estimular corridas longas. Já fiz assim para a Praia do Forte, para Interlagos... E, quando divide, é um valor menor, bem mais tranquilo”. E para completar, água e balas.O negócio começou a funcionar. Quando viu que um amigo taxista estava desesperado com a queda nas corridas, sugeriu que o colega fizesse um teste. Pronto: foi o ponto de partida para que esse amigo e mais alguns entrassem no serviço. Agora, já contam até com um sistema de comunicação em tempo real. Caso um cliente chame algum deles e ele esteja ocupado, outro motorista do grupo atende. Publicitário de formação, Alan deu um jeito de tornar as coisas mais profissionais – cartões de visita, página no Facebook, folhetos... E assim nasceu a Upper.Outras iniciativas Mas eles não são os únicos. Desde o início da semana, a Elitte Táxi, uma das maiores cooperativas da cidade, passou a oferecer 20% de desconto nas corridas pagas em dinheiro ou no débito. Mas, para o taxista Sidkley Santana, 40 anos, que é um dos associados, o desconto é só mais um bônus.
No carro dele, álcool em gel, água, revistas semanais, o jornal do dia, chicletes, balas. “Tudo de primeira, para tentar proporcionar o melhor atendimento”, garante Sidkley, que é taxista há pouco mais de dois anos - quando o banco onde trabalhava demitiu 500 funcionários.Desde a chegada do Uber, Sidkley diz que as chamadas pelo rádio caíram até 25%. Mas, em compensação, as corridas com os clientes fiéis têm conseguido combater o rombo. “Meu atendimento faz com que o Uber fique em segundo plano”, explica ele, que, em um dia comum, faz de 15 a 20 corridas por dia, trabalhando de 6h30 até 18h. A administradora Adriana Cunha, 40, nem pensa em trocar o serviço de Sidkley. “Ele é extremamente pontual, tem o carro limpo, está sempre bem vestido e sabe a hora de interagir com o cliente. Me sinto segura”, conta.Para atrair a clientela, o taxista Uilde Costa, 32, oferece desconto de até 40%, se for de Ondina, por exemplo, até o aeroporto. “Uma corrida daqui para lá dá R$ 100, mas cobro R$ 60. Em outras corridas menores, dou 20%, 30%”, diz ele, que é taxista há 12 anos. Ele até já fazia isso antes do Uber, mas agora os descontos são realmente estratégia. E os clientes já têm sentido a diferença. “Ontem (anteontem) mesmo, levei uma cliente que disse que, depois do Uber, o serviço de táxi melhorou em Salvador. Mas ainda tem muito que melhorar”.Quem trabalha mais por aplicativos, como o taxista Alan Santana, 37, passou a incorporar descontos que os softwares oferecem. No caso do Easy Táxi, corridas pagas no cartão de crédito cadastrado têm 30% de abatimento.Campanha A partir da semana que vem, os descontos nas corridas de táxi devem ser ainda mais comuns – e institucionalizados. De acordo com o presidente da Associação Metropolitana de Taxistas (AMT), Valdeilson Miguel, a entidade vai lançar uma campanha com benefícios para atrair mais usuários.“A campanha é para trazer de volta os usuários”, explica. Não há uma estimativa de quantos taxistas devem aderir ao movimento – até porque eles não serão obrigados – mas adianta que já há adesão de cooperativas e empresas de táxi por rádio.Segundo o secretário municipal da Mobilidade, Fábio Mota, a prefeitura aprovou o modelo de desconto da AMT. “Existe a obrigatoriedade de todo táxi ter taxímetro e o preço do taxímetro é o máximo da corrida. Mas nada impede uma negociação entre passageiro e taxista. O táxi não pode cobrar a mais no preço do taxímetro”, explicou.
Alan, publicitário de formação, criou até sistema de comunicação em tempo real, para atender clientes(Foto: Evandro Veiga/CORREIO) |
Taxista Sidkley: desconto é só um bônus. Carro tem álcool em gel, água, revistas, o jornal do dia, chicletes, balas(Foto: Marina Silva/CORREIO) |
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Redação iBahia
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