O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta quinta-feira (27), dados da pesquisa Brasil Quilombola, que integra o Censo Demográfico de 2022. Os números divulgados indicam que a cidade do Brasil com maior população quilombola é baiana. O município de Senhor do Bonfim, localizada no Sertão do estado, possui uma população quilombola de 15.999 pessoas.
A localidade é um dos cinco municípios baianos que aparecem entre as cidades do país com os maiores números de quilombolas. Atualmente, Senhor do Bonfim possui uma população de 74.490 pessoas e ocupa 24ª colocação no estado, 100ª na região Nordeste, segundo o Censo de 2022.
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A cidade tem densidade demográfica de 94,37 habitantes por km² e uma média de 2,76 moradores por residência. A maior parte das comunidades quilombolas são certificadas pela Fundação Palmares, do governo Federal.
Entre essas comunidades está as do Lajes e Mamoeira, Tijuaçu, Cariacá, Água Branca, Olaria, Quebra-Facão e Umburana, por exemplo. Famosa pelas minas de ouro, a cidade era uma vila que pertencia a Jacobina antes de ser finalmente emancipada, no final do século 19.
Samba de lata de Tijuaçu
O território Quilombola de Tijuaçu tem cerca de 900 famílias é considerado o maior em número de remanescentes de quilombo na Bahia. Com uma área de 8,4 mil hectares de terras, ele foi reconhecido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agraria (INCRA), em 2014.
O território passou por uma forte seca por volta de 1932 e por isso a comunidade do local precisou caminhas muitos quilômetros para conseguir água. No trajeto, o grupo afastava as dificuldades cantando e batucando nas latas vazias que carregavam para coletar a água.
Essa caminhada e o samba em si se tornaram uma tradição na comunidade, que relembra a esperança e a força de seu povo através da música. A tradição é um importante herança histórica e foi tema de um episódio do Podcast Calumbi, produto que aborda questões ligadas ao Sertão da Bahia.
Quilombos pelo estado
Outras cidades do Sertão da Bahia, e de outros lugares do estado, possuem importantes comunidades quilombolas. Campo Formoso, Filadélfia, Antônio Gonçalves, Nordestina, Mirangaba, e Pindobaçu integram do Conselho Regional de Comunidades Remanescentes de Quilombo da Região de Senhor do Bonfim – Norte da Bahia, e possuem representantes dessas comunidades tradicionais que discutem políticas públicas voltadas para esses moradores desde 2010.
Essa é a primeira vez na história do Censo Demográfico, em que população quilombola pode se autoidentificar. A Bahia tem, atualmente, uma população estimada de 397.059 quilombolas. O que representa 2,8% da população total do estado que é de 14.136.417 pessoas.
Outros dados do Censo 2022
- Apesar de o IBGE ter identificado quilombolas em cerca de 1,7 mil cidades do país, a maioria delas tem pouquíssimas pessoas com essa autodeclaração.
- Pouco mais da metade destas cidades, por exemplo, tem menos de 200 quilombolas (888 cidades). Além disso, os quilombolas representam menos de 0,9% da população local em metade das cidades.
- Apesar disso, há uma grande concentração de quilombolas em poucos municípios do país.
- Isso quer dizer que 110 cidades concentram 50% da população quilombola do Brasil.
- A maioria dessas cidades está na Bahia (40), no Maranhão (32) e no Pará (14).
- O Brasil tem 1,3 milhão de pessoas que se identificam como quilombolas. Isso corresponde a 0,65% da população total do país.
- O Nordeste concentra quase 70% dos quilombolas, com grande destaque para os estados da Bahia e do Maranhão. Juntos, eles têm 50% dos quilombolas do país.
- Mesmo com essa concentração, há quilombolas em todas as regiões do país e em quase todos os estados -- com exceção de Roraima e Acre.
- Das 5.568 cidades do país, 1.696 têm moradores quilombolas (30,5%).
- Dessas quase 1,7 mil cidades, apenas 326 têm territórios quilombolas delimitados.
Redação iBahia
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