O pai da jovem cadeirante que foi assassinada durante um ataque em uma escola da rede municipal de Barreiras, no oeste da Bahia, contou que queria ter se jogado na frente das balas para salvar a filha, nesta segunda-feira (26). Geane da Silva Brito tinha 19 anos e foi atacada a tiros e golpes de faca dentro da instituição de ensino.
"Um sentimento não de culpado, porque um pai não se sente culpado em um momento desse. Se eu estivesse na hora, eu me atravessava na frente da bala, para salvar minha filha. Eu peço desculpa a vocês porque é triste o pai estar em frente a uma situação dessa. É dolorido", disse José Ferreira.
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Ainda durante entrevista à TV Oeste, o homem falou que a jovem era uma boa menina e que ela iria completar 20 anos em outubro. Inclusive, a família já tinha planejado comemorar o aniversário em uma pizzaria. Muito emocionado, José Ferreira lamentou o ocorrido.
"Uma boa menina. Ela é especial. A gente sempre faz tratamento com ela no Sarah em Brasília. Justamente ela chegou há pouco tempo de lá. Foi fazer uma revisão. No mês de fevereiro ela fez quatro operações. Agora em fevereiro de novo iria fazer mais outras. E aí aconteceu um caso desse aí. É triste para um pai de família", falou.
O crime aconteceu por volta das 7h, enquanto os estudantes aguardavam o início das aulas. O nome da escola é Eurides Sant'Anna. O porteiro, que não estava armado, correu com os alunos para tentar se proteger. Vídeos feitos por testemunhas mostram o desespero dos estudantes e a movimentação policial após o ataque. Assista abaixo
Ainda não há detalhes sobre se o autor do crime, que é um adolescente de 14 anos, tinha a intenção de ferir outros estudantes ou apenas Geane. O caso está sob investigação da Polícia Civil. O corpo da jovem cadeirante foi levado para o Departamento de Polícia Técnica (DPT) da região. Não há detalhes sobre o sepultamento.
Cenas de terror. Uma estudante cadeirante foi morta a tiros dentro de uma escola em Barreiras (BA), após um atirador invadir o local. O ataque aconteceu hoje às 7h30, quando os alunos chegavam para as aulas. Outras #TragediasComArmas foram registradas na última semana. #fio ⬇️ pic.twitter.com/hDRY3iTT5M
— Instituto Fogo Cruzado (@fogocruzado) September 26, 2022
O menino, que não teve o nome divulgado, é filho de um policial militar da reserva de Brasília e a família havia se mudado para a Bahia. Ele estava com um revólver calibre 38, duas facas e o que parecia ser uma bomba caseira. O adolescente foi atingido por uma terceira pessoa ainda não identificada em um dos ombros, no abdômen e em uma das pernas.
Após ser ferido, o menino foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levado para o Hospital Geral do Oeste, na cidade, onde segue internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Não há detalhes sobre o estado. Ele está acompanhado pela polícia.
Informações preliminares colhidas no local do crime pela equipe da TV Oeste, emissora da TV Bahia na cidade de Barreiras, apontam que o atirador era matriculado no colégio, mas não frequentava as aulas.
A polícia investiga algumas publicações em redes sociais atribuídas ao adolescente com discurso de ódio. O pai do atirador foi chamado para prestar depoimento na delegacia da cidade. Ele contou que o revólver dele ficava escondido no imóvel onde mora com a família. Também contou que acreditava que o filho não sabia em qual local ficava a arma.
Em nota, a Polícia Civil informou que o caso está sob responsabilidade da 11ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin/Barreiras).
A Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) divulgou também que perfis em redes sociais do adolescente suspeito do ataque serão analisadas pelo Departamento de Polícia do Interior (Depin) da Polícia Civil.
De acordo com a SSP-BA, mensagens postadas e também grupos que o jovem participava podem auxiliar na motivação do ataque.
"Solidarizo-me com a família da estudante e a todo o corpo estudantil nesse momento trágico. Determinei prioridade na elucidação desse caso, até para que evitemos novos episódios", ressaltou o secretário da Segurança Pública, Ricardo Mandarino.
Aulas suspensas
Após o crime, a prefeitura de Barreiras suspendeu as aulas por uma semana na instituição de ensino. Em nota, a administração também lamentou o caso e disse que a Secretaria de Educação e a Polícia Militar estão acompanhando e dando apoio aos estudantes e familiares.
A Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC) também se manifestou por meio do Núcleo Territorial da Bacia do Rio Grande (NTE 11). O órgão informou que uma equipe do NTE e psicólogos da SEC foram colocados à disposição para prestar atendimento e apoio socioemocional à comunidade escolar e aos familiares da vítima.
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Redação iBahia
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