Trinta por cento dos casos de anemia falciforme diagnosticados no Brasil estão na Bahia. Apesar de Salvador ter uma população negra bem significativa, a capital baiana ainda não consegue identificar com precisão quantos novos casos aparecem todos os anos. Isso porque não existe uma rede única que integre as informações e os cuidados com os pacientes portadores dessa alteração genética. As políticas públicas para o tratamento da anemia falciforme na Bahia foram tema de uma audiência pública realizada nesta quinta-feira, no Auditório do Bahia Center, anexo à Câmara de Vereadores. Na oportunidade, o coordenador de Promoção da Equidade de Saúde da Secretaria Estadual da Saúde, Antônio Purificação anunciou que a medicação para tratar a doença, a hidroxiureia, deverá ser produzida até 2017, em Vitória da Conquista, por meio de uma parceria entre os laboratórios Bahiafarma e o Cristália atendendo a demanda do Sistema Único de Saúde (SUS) de todo o País. “A produção local vai resolver os problemas de abastecimento de medicação que, atualmente é importado”, pontuou. Estiveram presentes os representantes da sociedade civil organizada, o Estado e representantes de centros de estudo e pesquisa. A proposta foi incrementar o diálogo e colocar em prática a união dessas ações em Salvador e na Bahia. Para o representante da sociedade civil organizada, Altair Lira, que representou a Associação Baiana de Portadores de Doenças Falciformes (Abadfal), as ações dispersas e desarticuladas terminam sendo piores do que a ausência da assistência específica porque se cria a falsa sensação de que a assistência existe quando, na verdade, não chega a toda a população. “Hoje, existe em Salvador dois ambulatórios especializados, localizados na Avenida Carlos Gomes e no Vale das Pedrinhas, o Hemoba e a APAE fazem o teste de identificação da doença, além disso existem 13 unidades de referência na assistência básica, mas precisamos que essas instâncias se comuniquem, que saibam quem as procura para que as políticas sejam mais específicas”, diz Lira. Aliado à criação de uma rede de informação e tratamento, os representantes da sociedade civil organizada também reclamaram da discriminação enfrentada pelos portadores da anemia. A representante da Associação Lúpicos Organizados da Bahia, Jacira Conceição, fez questão de ressaltar como o Lúpus e a Anemia Falciforme se parecem em seus sintomas e nas lutas dos portadores. “Estamos aqui para apoiar a construção de políticas públicas, pois sabemos que muitas vezes os portadores são tidos como preguiçosos porque são obrigados a faltar aula e trabalho, mas o que as pessoas não sabem que essas doenças causam dores incapacitantes”, completa. A anemia falciforme é uma alteração genética que deforma as hemácias, deixando as com o formato de foice ou lua nova. Com essa nova composição, as hemácias têm dificuldade de realizar o trabalho de oxigenar o sangue, provocando a anemia. Dados do Programa Estadual de Triagem Neonatal mostram que Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro são as unidades da federação com maior número de casos. Na Bahia, a incidência da Doença Falciforme(DF) é de um para cada 650 nascidos vivos, enquanto a do Traço Falciforme é de um para 17 bebês. Entre os principais sintomas da Doença Falciforme estão a anemia crônica, a cor amarelada na pele e no branco dos olhos (icterícia), inchaços nos pés e mãos, geralmente com muita dor, além de crises dolorosas nos ossos, músculos e articulações. A identificação da anemia falciforme é feita através do teste do pezinho e é de notificação obrigatória em Salvador desde 2008.
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Redação iBahia
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