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Mãe Bernadete, assassinada na Bahia, estava sob proteção da polícia, afirma advogado

Líder quilombola relatou ter recebido ameaças de morte dias antes de ser executada em Simões Filho

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Redação iBahia

18/08/2023 às 12:14 - há XX semanas
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					Mãe Bernadete, assassinada na Bahia, estava sob proteção da polícia, afirma advogado
Foto: Redes Sociais

A líder quilombola, ialorixá e coordenadora nacional de Articulação de Quilombos, Maria Bernadete Pacífico, assassinada na quinta-feira (17), em Simões Filho, Região Metropolitana de Salvador, estava sob proteção da Polícia Militar há pelo menos dois anos.

Em entrevista ao g1, o advogado da família, David Mendez, explicou o tipo de proteção que Bernadete teria que receber por meio da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos da Bahia (SJDH), e questionou a ação da Polícia Militar.

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De acordo com Mendez, Bernadete entrou no programa de proteção após ser ameaçada por madeireiros ilegais. "Ela entrou no programa há dois anos. Bernadete recebia ameaças de várias frentes, que foram intensificadas quando madeireiros ilegais passaram a ameaçá-la. Ela sempre deixou claro os riscos que corria e ficou sob o programa a pedido dela mesma", detalhou.

No entanto, para o representante da família, a ação não era efetiva. "A proteção do estado era só uma ronda simbólica. Uma viatura da PM ia lá uma vez por dia, geralmente no final da tarde, falava com ela e ia embora. Que segurança é essa?".

Segundo David Mendez, dias antes de morrer, a líder do Quilombo Pitanga dos Palmares, havia relatado ter recebido novas ameaças dos madeireiros. "Recentemente ela relatou para a gente, em três ocasiões, que pessoas passavam pela casa dela à noite dando tiro para cima, como se fosse uma espécie de recado, de aviso. Fora as comunicações de boca--boca. Então não era novidade para ninguém", contou.

A denúncia feita por Bernadete era pela extração ilegal de madeira na comunidade quilombola, por se tratar de uma Área de Proteção Ambiental (APA).

Ao g1, o advogado afirmou que o estado sempre esteve ciente do risco que Mãe Bernadete corria. Para Mendez, o envolvimento da líder em lutas que envolvem interesses econômicos podem dificultar descoberta de mandante do assassinato.

"Ela lutava contra vários interesses econômicos, eram lutas realmente grandiosas. Havia processos milionários envolvendo royalties de petróleo e gás explorados pela Refinaria Mataripe, concessão de energia elétrica sem contrapartida para a comunidade, e até uma represa da Embasa [Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A] que inundou território quilombola e a comunidade nunca foi indenizada."

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