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Internações por acidentes na Bahia custaram mais de R$ 5 milhões

O valor é 16% maior do que no ano passado e reflete um aumento no número de acidentes de trânsito no estado

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20/09/2012 às 9:19 • Atualizada em 30/08/2022 às 22:04 - há XX semanas
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Os planos de fazer um concurso para a prefeitura de Jacobina, a 330 km de Salvador, ficaram no caminho. Era começo da manhã de um domingo de junho quando a enfermeira Jussara Maria do Nascimento, 26 anos, seguia de Cafarnaum, a 439 km da capital, na companhia de outros três colegas para fazer a prova, quando um acidente mudou o seu destino. “O condutor do carro cochilou e houve um capotamento. De todos os ocupantes, eu que tive maior complicação. Tive fratura nas vértebras e estou sem o movimento das pernas”, disse a jovem, que está internada há três meses no Hospital Geral do Estado (HGE). O acidente no percurso da vida da enfermeira levou Jussara a integrar as estatísticas do Ministério da Saúde, no recorte sobre acidentes de transportes. De janeiro a julho deste ano, o Fundo Nacional de Saúde (FNS) já repassou R$ 5,6 milhões para o custeio de internações pelo Sistema Único de Saúde (SUS) – 16,7% a mais que no mesmo período do ano passado, quando foram repassados R$ 4,8 milhões para o mesmo procedimento. Os dados são do Observatório das Violências e Acidentes do Estado da Bahia. No total, foram 5.031 autorizações de internamento hospitalar contra 4.279 em relação ao mesmo período do ano passado – um crescimento de 17,5%. Os acidentes envolvendo motociclistas lideram o número de internações (2.725) em 2012.
Internações por acidentes na Bahia custaram mais de R$ 5 milhões
De acordo com os dados do Observatório, a média de permanência dos pacientes internados é de 4,7 dias, com um valor médio integral de R$ 1.109,12. Os dados são preliminares e foram extraídos do Sistema de Internação Hospitalar (SIH), no site do DataSUS. Só no primeiro semestre deste ano, informou a Polícia Rodoviária Federal (PRF), ocorreram 5.260 acidentes com 3.287 feridos e 402 mortos em todo o estado. Desse total, 12% dos óbitos estão relacionados a excesso de velocidade. As estatísticas demonstram que pessoas com idades entre 20 e 39 anos são as que mais sofreram acidentes causados por velocidade incompatível. InvestimentoPara o presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), seção Bahia, o médico de trânsito Armênio Souza Santos, o custo com internações é “plenamente evitável”. “Quando se fala em Saúde, o único pensamento é a construção de hospital. Porém, esses recursos poderiam ser aplicados num processo educativo do infantil à universidade”, opinou. Ele aposta na criação de um ministério como forma de resolver questões relacionadas ao trânsito e ao transporte. “Não existe guerra que mate mais que o trânsito. Enquanto não houver medidas políticas para tratar dessas demandas, nada será resolvido”, criticou. Fisioterapia No dia do acidente, Jussara ainda foi socorrida pelo Samu ao Hospital Antônio Teixeira, em Jacobina, mas precisou ser transferida para Salvador. “Quando acordei, já estava no HGE, mas não tinha noção do que tinha acontecido. Achei que era só esperar a recuperação”, lembrou a enfermeira. Entretanto, a notícia de que havia ficado paraplégica não tirou dela a vontade de realizar seus planos. “Tem dia que fico mais triste, mas sempre fui positiva e acredito que posso voltar a andar com a fisioterapia. Vou lutar, mas se não conseguir, a saída é aprender a lidar. Pelo menos sobrevivi”, refletiu a jovem. SustoEra por volta de 15h do dia 19 de junho quando o consultor de informática Marcos Luís Bastos, de 29 anos, retornava para casa pela Avenida Bonocô. Havia acabado de chover e a pista estava molhada. Sem entender, contou ele, perdeu a direção do Gol cinza e bateu em uma das muretas do metrô, no canteiro central. “Tinha lâmina d’água na pista, aquaplanei e perdi a direção. Pra não bater num caminhão que vinha ao lado, joguei pro canteiro central e bati na mureta. Estava a caminho do IAPI, onde moro”, relembrou o consultor. Três meses após o acidente, o consultor continua com sessões de fisioterapia, faz uso de muletas e está afastado do trabalho. Ele ficou internado no HGE por dez dias. “Fraturei a perna esquerda e fui socorrido pelo Samu para aquela unidade hospitalar, onde fiz uma primeira cirurgia. Depois, fiquei mais dois dias no Manoel Vitorino para um novo procedimento”, recordou. Marcos tenta apagar as lembranças do primeiro acidente que viveu no trânsito. “Não gosto nem de falar sobre isso. Foi um grande susto e até hoje não consegui entender como aconteceu. Na hora da batida, passam mil coisas na cabeça. Graças a Deus estou vivo, já o carro foi perda total”, comentou o consultor. Na capital, de acordo com a Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador), o número de acidentes diminuiu entre janeiro e agosto deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Em oito meses, foram registrados 4.570 acidentes contra 5.393. O número de feridos também reduziu – 5.244 contra 4.406. No entanto, o número de mortes aumentou em 11%. O CORREIO tentou contato com o superintendente da Transalvador, Renato Araújo, mas ele não foi localizado para comentar os dados. Bahia é estado do Nordeste que mais recebe seguro por morteA Bahia é o estado do Nordeste que mais recebe o Seguro Dpvat (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres ou por sua Carga a Pessoas Transportadas ou Não) por morte, segundo o boletim estatístico da Seguradora Líder, consórcio criado pelo Conselho Nacional de Seguros Privados para garantir as indenizações. Ao todo, a Bahia concentra 23% dos pagamentos da região Nordeste. No cenário nacional, a unidade federativa responde por 7% do total de 29.770 mortes por acidentes de trânsito registradas no primeiro semestre deste ano em todo o país, de acordo com dados da seguradora. Nos seis primeiros meses de 2012, a região Nordeste concentrou a maior incidência de indenizações pagas pelo Seguro Dpvat (30%), principalmente na categoria motocicletas (65%), superando a região Sul, que concentrava a mesma incidência, seguida pela região Sudeste (27%). É também a região Nordeste que lidera o ranking de indenizações por invalidez permanente no primeiro semestre deste ano. As motocicletas respondem por 80% do total. O presidente da Abramet, Armênio Souza Santos, atribui os números às facilidades para adquirir esse tipo de veículo. “É uma estupidez moto a R$ 1,99. Qualquer pessoa que chega em uma concessionária consegue sair com uma motocicleta na hora. Quem vende jamais exige a apresentação da carteira de habilitação como condição para a entrega do veículo. Todos os veículos são máquinas mortíferas”, arrematou. Segundo a assessoria de comunicação do Ministério da Saúde, novos repasses para a Bahia foram autorizados, referentes ao Projeto Vida no Trânsito, cujo objetivo é consolidar as ações de segurança e reduzir os índices de óbitos. No total, serão destinados R$ 500 mil para o estado, sendo R$ 250 mil apenas para Salvador. O recurso faz parte dos R$ 12,8 milhões que vão para todos os 26 estados, o Distrito Federal e as respectivas capitais. Cuidados no trânsito Respeite a velocidadeNem sempre os limites de velocidade são compatíveis com a potência do veículo, mas você está apostando uma corrida. Ao correr, além de colocar em risco a sua segurança, coloca também em risco os demais motoristas e os pedestres. Revise o veículoO alinhamento e as boas condições de motor e freio devem ser observados regularmente Não dirija com sonoÉ preciso estar em estado de atenção. O sono e o cansaço precisam estar equilibrados para não prejudicar a atenção e os reflexos Não use celularAlém de representar uma infração de trânsito, o uso de aparelhos telefônicos dispersam a atenção do motorista Dirija na posição certaÉ preciso sentar de forma confortável no banco do condutor Deixe os braços e pernas flexionadosNão se deve ficar com braços e pernas estendidos. O tempo de resposta, em caso de emergências, é menor Sempre use o cintoO equipamento pode salvar vidas em caso de acidentes Respeite a sinalizaçãoObserve as placas e as faixas na pista para evitar acidentes Não bebaAlém de ser crime de trânsito, o álcool diminui os reflexos e afeta a atenção. Matéria original Correio 24h Internações por acidentes na Bahia custaram mais de R$ 5 milhões

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