O Governador da Bahia revelou que a Polícia Civil trabalha com três linhas de investigação no assassinato da ialorixá Maria Bernadete Pacífico. A declaração foi dadaduranteum evento na Praça Irmã Dulce, no Largo de Roma, em Salvador, nesta segunda-feira (21). Segundo Jerônimo Rodrigues, as teses seriam intolerância religiosa, briga entre facções e disputas em território quilombola.
A de mais destaque pela Polícia Civil da Bahia é a de disputa entre facções criminosas – uma tese bem divergente da apontada por especialistas em conflitos envolvendo quilombolas e pelos advogados da família de Bernadete. "Essa tem sido, na tese da Polícia Civil, a mais premente, a que 'possa acontecer' [pode ter acontecido]. Se isso aconteceu, da mesma forma [que as outras teses] não haveremos de nos debruçar sobre ela, em uma parceria integrativa com o governo federal, com a Polícia Federal", disse o governador.
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O crime que resultou na morte da idosa e importante líder quilombola foi no dia 17 de agosto. Homens invadiram um imóvel onde estava Mãe Bernadete e a executaram com tiros no rosto. O caso ganhou destaque nacional e resgatou a morte do filho de Maria Bernadete, conhecido como Binho do Quilombo - morto em circunstâncias semelhantes.
O governador não explicou a relação do assassinato de Bernadete com o tráfico de drogas, já que a ialorixá e líder quilombola não tinha envolvimento com a criminalidade. Além disso, ela relatava, frequentemente, que recebia ameaças de grileiros e madeireiros, que queriam extrair matéria prima ilegalmente na região do Quilombo Pitanga de Palmares, Área de Proteção Ambiental (APA) em que ela morava.
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A principal tese levantada pelos especialistas é a de disputa pelo território quilombola. Jerônimo Rodrigues relatou que apesar não ser a principal linha de investigação da Polícia Civil, buscou o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para regularizar o terreno quilombola. O gestor citou ainda que muitas autoridades procuraram ele para ajuste da situação e se solidarizando com a morte de Mãe Bernadete.
"Há uma expectativa de que esse caso não tenha relação direta com o território, mas uma tese que mesmo não acontecendo, o problema existe. Nós já nos manifestamos com o Incra para que a gente possa acelerar o processo de regularidade daquele terreno, daquele território".
"Não só dele, mas um conjunto de territórios quilombolas e indígenas que a gente precisa aproveitar. É responsabilidade nossa. Mesmo não sendo por causa do território, nós entendemos que é um problema que temos que enfrentar".
O governador também falou sobre a hipótese de intolerância religiosa e disse que este é um crime que transcende o caso da ialorixá. "Ela era uma figura defensora dos povos de terreiro. E é uma tese, não podemos confirmar ainda que seja essa a causa, mas, mesmo que não seja essa a causa, a questão religiosa precisa ser enfrentada pela democracia".
Reunião Emergencial
Em uma reunião de emergência, realizada no sábado (19), representantes da segurança pública do estado discutiram detalhes da investigações do assassinato da líder quilombola. O encontro teve o objetivo alinhar a forma de trabalho entre as Polícias Militar e Civil para que se descubra de forma célere e motivação e autoria do crime.
As investigações estão em curso e envolvem agentes de departamentos como de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), e Especializado de Investigação e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), e da Coordenação de Conflitos Fundiários (CCF). Vale destacar que a agência de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) pediu ao estado uma "investigação célere, imparcial e transparente".
Evento na Cidade Baixa
Durante o evento, o governador estava acompanhado do ministro da Casa Civil, Rui Costa. Ambos autorizaram a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado (Conder) a iniciar o processo licitatório para obras dos sistemas de micro e macrodrenagem das Bacias da Baixa do Bonfim, Boa Viagem e Massaranduba.
O valor previsto para a realização das obras é de aproximadamente R$ 79 milhões. A autorização foi assinada em solenidade realizada no estacionamento da Praça Irmã Dulce, no Largo de Roma, na capital baiana.
*matéria em atualização
Redação iBahia
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