Ciúmes, desconfianças e agressões. Essa mistura terminou com um marido morto, uma criança traumatizada e uma esposa presa. Na madrugada da terça-feira (25), a dona de casa Elaine Marques Marot, 28 anos, esfaqueou no pescoço o belga Louis Emile Ghislain Marot, 52, com quem era casada desde fevereiro. As informações são do jornal Correio 24h.
Os dois se conheceram há sete anos, no Pelourinho, época em que a mulher se prostituía. Após o golpe, Elaine observou o marido agonizando, até morrer dentro da casa em que o casal vivia, no Loteamento Praia do Sol, em Barra Grande, município de Vera Cruz, na Ilha de Itaparica.
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Segundo ela, Louis era ciumento e costumava agredi-la. Cansada, preparou um plano para se livrar do estrangeiro, sem levantar suspeita, mas deu tudo errado. Acabou confessando o crime.
Premeditação
Elaine contou que no dia do assassinato saiu de casa com a filha - uma menina de 7 anos, fruto de outro relacionamento - para um passeio na vizinhança. “Estava tendo uma festinha na rua e eu levei minha filha, para ela brincar um pouco”, contou. No retorno, ela encontrou o marido agitado. Louis desconfiava que Elaine estivesse com outro homem e teria xingado e ameaçado a esposa de morte. A discussão aconteceu por volta das 18h30.
“Ela contou que foi nesse momento que teve a ideia de matar. Pensou e executou o plano com bastante frieza”, afirmou o delegado Giovane Paranhos, titular da 24ª Delegacia (Vera Cruz).
Elaine esperou a família terminar de jantar e preparou um chá especial para o marido. Na bebida, além de folhas, água e mel, a dona de casa acrescentou comprimidos de diazepam - medicamento tarja preta.
Logo após ingerir a bebida, Louis ficou sonolento, cochilou no sofá, mas conseguiu levantar e foi para a cama. Antes de se deitar, convidou a esposa para dormir, mas Elaine recusou o convite. “Ela disse que ia assistir um filme, mas na verdade estava aguardando o remédio fazer efeito”, contou o delegado.
Por volta de 23h30, Elaine entrou no quarto para se certificar de que Louis estava apagado. Foi até a cozinha, pegou uma peixeira, voltou ao quarto e deu um golpe certeiro no pescoço do marido. A faca atingiu a carótida.
Ao ser atingido, Louis ainda levantou e correu atrás de Elaine até a porta da casa, mas com o ferimento, caiu antes de alcançá-la. Arrependida, ela ligou para o Samu, porém a ambulância não chegou a tempo e, em pé, ao lado do marido, ela assistiu ele agonizar e morrer na porta de casa.
“Me arrependo por minha filha. Eu não queria ter tirado a vida dele, mas aconteceu”, disse ontem, na delegacia.
Durante a agitação, a criança acordou e se abraçou à mãe, enquanto chorava e gritava pelo tio, como chamava Louis. Antes de tombar, o estrangeiro tentou se amparar no portão da casa. As marcas de sangue estavam no muro branco.
Quando o socorro chegou, Elaine disse que um ladrão havia pulado o muro e esfaqueado Louis, levando a polícia a crer que se tratava de latrocínio. No entanto, na delegacia, ela admitiu o crime. A peixeira foi achada em cima de uma mesa, ainda ensanguentada.
Agressões
Segundo Elaine, as brigas com o marido começaram depois que o casal oficializou a união, em fevereiro deste ano. “Ele mudou. Ficou mais agressivo e ciumento”, disse, enquanto mostrava hematomas na altura das costelas.
“Eu não aguentava mais. Tentei deixar ele uma vez, passei dois dias fora e quando voltei para pegar minhas coisas, ele me ameaçou de morte”, acusou. Apesar disso, ela nunca procurou a polícia. Vizinhos também disseram nunca ter ouvido brigas do casal.
“Eles eram educados. Nunca vi nada demais”, disse um deles, sem se identificar. A polícia descarta a possibilidade de outra pessoa ter participado do crime, mas investiga se Elaine tinha um amante.
Segundo o delegado, os boatos que deram origem às agressões de Louis podem ter um fundo de verdade, apesar de Elaine negar. Ela não tem antecedentes criminais e foi indiciada por homicídio duplamente qualificado - por motivo torpe e sem chance de defesa para a vítima.
O advogado dela disse que ainda não tem uma linha de defesa definida, mas que pretende conseguir que ela responda ao processo em liberdade.
Começo
Elaine e Loius se conheceram no Pelourinho, em 2007. Ela morava no Arraial do Retiro, mas trabalhava como prostituta no Centro. Ele era da Marinha Mercante francesa e estava no Brasil a trabalho. “Depois do primeiro encontro, continuaram se vendo. Ela como garota de programa e ele como cliente. Ficaram juntos por cerca de dois meses”, contou o delegado Paranhos.
Depois desse período, Louis propôs a Elaine um relacionamento fixo. Ela parou de se prostituir e o casal passou a se encontrar com mais frequência. O namoro durou três anos, até o belga precisar viajar novamente.
Louis ficou fora por dois anos. Quando retornou, em 2011, o casal reatou. Em 2012, ele contou à namorada sobre planos de montar uma pousada em Vera Cruz. Comprou um imóvel e propôs o matrimônio, realizado no início do ano.
O casal então se mudou para a Ilha. Elaine acredita que o pedido de casamento foi uma estratégia de Louis para conseguir a dupla cidadania, o que lhe daria o direito de ficar no país. O Consulado da Bélgica no Brasil não soube informar se ele estava em situação regular no país.
Redaão iBahia
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