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Violência

'Não queria ter tirado a vida dele, aconteceu', diz esposa de belga

A dona de casa Elaine Marot disse que se arrependeu. Polícia acredita que crime foi premeditado: 'Ela agiu com frieza'

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Redaão iBahia

26/11/2014 às 10:19 • Atualizada em 29/11/2023 às 10:46 - há XX semanas
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Ciúmes, desconfianças e agressões. Essa mistura terminou com um marido morto, uma criança traumatizada e uma esposa presa. Na madrugada da terça-feira (25), a dona de casa Elaine Marques Marot, 28 anos, esfaqueou no pescoço o belga Louis Emile Ghislain Marot, 52, com quem era casada desde fevereiro. As informações são do jornal Correio 24h.


				
					'Não queria ter tirado a vida dele, aconteceu', diz esposa de belga
'Não queria ter tirado a vida dele, aconteceu', diz esposa de belga. Foto: Ascom-PC

Os dois se conheceram há sete anos, no Pelourinho, época em que a mulher se prostituía. Após o golpe, Elaine observou o marido agonizando, até morrer dentro da casa em que o casal vivia, no Loteamento Praia do Sol, em Barra Grande, município de Vera Cruz, na Ilha de Itaparica.

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Segundo ela, Louis era ciumento e costumava agredi-la. Cansada, preparou um plano para se livrar do estrangeiro, sem levantar suspeita, mas deu tudo errado. Acabou confessando o crime.

Premeditação

Elaine contou que no dia do assassinato saiu de casa com a filha - uma menina de 7 anos, fruto de outro relacionamento - para um passeio na vizinhança. “Estava tendo uma festinha na rua e eu levei minha filha, para ela brincar um pouco”, contou. No retorno, ela encontrou o marido agitado. Louis desconfiava que Elaine estivesse com outro homem e teria xingado e ameaçado a esposa de morte. A discussão aconteceu por volta das 18h30.

“Ela contou que foi nesse momento que teve a ideia de matar. Pensou e executou o plano com bastante frieza”, afirmou o delegado Giovane Paranhos, titular da 24ª Delegacia (Vera Cruz).

Elaine esperou a família terminar de jantar e preparou um chá especial para o marido. Na bebida, além de folhas, água e mel, a dona de casa acrescentou comprimidos de diazepam - medicamento tarja preta.

Logo após ingerir a bebida, Louis ficou sonolento, cochilou no sofá, mas conseguiu levantar e foi para a cama. Antes de se deitar, convidou a esposa para dormir, mas Elaine recusou o convite. “Ela disse que ia assistir um filme, mas na verdade estava aguardando o remédio fazer efeito”, contou o delegado.

Por volta de 23h30, Elaine entrou no quarto para se certificar de que Louis estava apagado. Foi até a cozinha, pegou uma peixeira, voltou ao quarto e deu um golpe certeiro no pescoço do marido. A faca atingiu a carótida.

Ao ser atingido, Louis ainda levantou e correu atrás de Elaine até a porta da casa, mas com o ferimento, caiu antes de alcançá-la. Arrependida, ela ligou para o Samu, porém a ambulância não chegou a tempo e, em pé, ao lado do marido, ela assistiu ele agonizar e morrer na porta de casa.

“Me arrependo por minha filha. Eu não queria ter tirado a vida dele, mas aconteceu”, disse ontem, na delegacia.

Durante a agitação, a criança acordou e se abraçou à mãe, enquanto chorava e gritava pelo tio, como chamava Louis. Antes de tombar, o estrangeiro tentou se amparar no portão da casa. As marcas de sangue estavam no muro branco.

Quando o socorro chegou, Elaine disse que um ladrão havia pulado o muro e esfaqueado Louis, levando a polícia a crer que se tratava de latrocínio. No entanto, na delegacia, ela admitiu o crime. A peixeira foi achada em cima de uma mesa, ainda ensanguentada.

Agressões

Segundo Elaine, as brigas com o marido começaram depois que o casal oficializou a união, em fevereiro deste ano. “Ele mudou. Ficou mais agressivo e ciumento”, disse, enquanto mostrava hematomas na altura das costelas.

“Eu não aguentava mais. Tentei deixar ele uma vez, passei dois dias fora e quando voltei para pegar minhas coisas, ele me ameaçou de morte”, acusou. Apesar disso, ela nunca procurou a polícia. Vizinhos também disseram nunca ter ouvido brigas do casal.

“Eles eram educados. Nunca vi nada demais”, disse um deles, sem se identificar. A polícia descarta a possibilidade de outra pessoa ter participado do crime, mas investiga se Elaine tinha um amante.

Segundo o delegado, os boatos que deram origem às agressões de Louis podem ter um fundo de verdade, apesar de Elaine negar. Ela não tem antecedentes criminais e foi indiciada por homicídio duplamente qualificado - por motivo torpe e sem chance de defesa para a vítima.

O advogado dela disse que ainda não tem uma linha de defesa definida, mas que pretende conseguir que ela responda ao processo em liberdade.

Começo

Elaine e Loius se conheceram no Pelourinho, em 2007. Ela morava no Arraial do Retiro, mas trabalhava como prostituta no Centro. Ele era da Marinha Mercante francesa e estava no Brasil a trabalho. “Depois do primeiro encontro, continuaram se vendo. Ela como garota de programa e ele como cliente. Ficaram juntos por cerca de dois meses”, contou o delegado Paranhos.

Depois desse período, Louis propôs a Elaine um relacionamento fixo. Ela parou de se prostituir e o casal passou a se encontrar com mais frequência. O namoro durou três anos, até o belga precisar viajar novamente.

Louis ficou fora por dois anos. Quando retornou, em 2011, o casal reatou. Em 2012, ele contou à namorada sobre planos de montar uma pousada em Vera Cruz. Comprou um imóvel e propôs o matrimônio, realizado no início do ano.

O casal então se mudou para a Ilha. Elaine acredita que o pedido de casamento foi uma estratégia de Louis para conseguir a dupla cidadania, o que lhe daria o direito de ficar no país. O Consulado da Bélgica no Brasil não soube informar se ele estava em situação regular no país.

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