As contas de energia elétrica devem ficar entre 20% e 25% mais caras na Bahia a partir de abril do próximo ano, quando o governo federal anunciar o reajuste anual da tarifa da Coelba. Os cálculos são de especialistas no setor energético com base nos gastos que as empresas elétricas têm tido com a geração a partir das usinas térmicas, utilizadas nos últimos dois anos para compensar o baixo nível nos reservatórios das hidrelétricas. E a expectativa é de que os reajustes na mesma faixa se repitam em 2016 e 2017, e talvez 2018, 2019 e 2020. Dois reajustes concedidos recentemente pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) dão a dimensão do que vai acontecer no ano que vem. No interior de São Paulo, a Elektro foi autorizada a aumentar em 37,78% as tarifas, enquanto a CEB, do Distrito Federal, recebeu autorização para reajustar em 40,79%.
Consumidores decidirão as ofertas que estarão no Black Friday Brasil 2014 Veja seis coisas que podem comprometer a produtividade da sua empresa Confira a aula de geografia sobre blocos econômicos O professor do recém-criado curso de Engenharia de Energia da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Osvaldo Soliano, explica que só pela utilização das térmicas, o custo com a geração de energia aumentou em 25%. Mas o impacto será diluído em três reajustes anuais. “Se não acontecer mais nenhuma novidade, como uma nova seca ou outro tipo de problema, teremos no ano que vem a primeira parcela pelo uso da energia térmica, mais uma inflação próxima de 7%, além do retorno a que as empresas do setor têm direito por força de contratos”, justifica.
AtrasosO governo federal foi obrigado a lançar mão da energia produzida a partir de usinas térmicas, que chegam a ter custos de produção até 10 vezes maiores que outras matrizes, como a eólica.
Parques eólicosOsvaldo Soliano lembra o caso dos parques eólicos construídos na região Sudoeste da Bahia, que ficaram prontos em 2012, mas só entraram em operação no mês passado por conta do atraso na construção da linha de transmissão. “O país demorou a acreditar na matriz eólica, que tem um preço muito mais baixo que a energia térmica e quando fez teve o atraso das linhas de transmissão”, diz. O diretor da Thymos Energia, Ricardo Savoya, acredita que o impacto da crise atual pode vir a se prolongar até o ano de 2019. “Quando se levam em conta todos os eventos recentes, é possível imaginarmos um impacto nas contas por até cinco anos, mas no ano que vem e no próximo, com certeza teremos reajustes entre 20% e 25%”, diz. Ele explica que os custos para manter estável o abastecimento energético no país nos últimos dois anos chegaram a R$ 70 bilhões. “Não tivemos um racionamento na oferta de energia, mas certamente teremos um racionamento por conta do preço, que deverá subir bastante”, diz.
Realidade localO professor do mestrado em Energia da Universidade Salvador, Paulo Guimarães, reconhece que houve elevações nos custos de geração de energia no país, entretanto, afirma que não é possível se tomar como parâmetro para a Bahia o reajuste no interior de São Paulo. “Na hora de reajustar as tarifas são levados em conta diversos fatores locais. Os gastos com a energia térmica, por exemplo, não são repartidos de maneira igualitária entre os estados”, diz, lembrando que já houve casos em que estados do Sudeste tiveram reajustes menores na energia que os da região Nordeste. “Por que não poderia acontecer o contrário agora?”, questiona. Outro fator que influencia os reajustes são os planos de investimentos das concessionárias de energia, que não são conhecidos pelo público. “Ainda acredito que não é possível determinar um percentual de reajuste”, diz. A Coelba informou por meio da assessoria de imprensa que não interfere no reajuste, que é definido pela Agência Nacional de Energia Elétrica.
Matéria original: Correio24hIncêndio destrói oficina e casa de mecânico na Baixa de Quintas