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Coluna ValoRH: Geração Brasil, a Geração Código

Especialista alerta para a escassez de mão de obra nos setores de alta tecnologia

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14/05/2014 às 8:49 • Atualizada em 27/08/2022 às 19:02 - há XX semanas
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Pode ter passado despercebido por aqui o chamado urgente do Presidente Obama para que os americanos aprendam ciência da computação. Pode soar estranho que o país líder em produção de produtos e tecnologias relacionados à computação desperte tal clamor. A preocupação dos americanos com a escassez de mão de obra nos setores de alta tecnologia tem elevado o sinal de alerta . Segundo dados da Code.org, uma organização que promove o ensino de técnicas de programação para crianças e educadores, por volta de 2020, e sempre nos USA, haverá cerca de 400.000 estudantes de ciência da computação para uma demanda de 1,4 milhão de empregos, que representam uma oportunidade de negócios em torno de US$ 500 Bilhões. Um déficit de 1 milhão de empregos em setores de alta tecnologia! Até o momento os americanos têm conseguido suprir suas necessidades de cérebros basicamente importando competências mundo afora. Afinal, se você não consegue encontrar um mestre na arte de programar em seu próprio país, não há porque não buscá-los em outros países, seja na Europa ou na Ásia e, eventualmente, até mesmo no Brasil. O alerta lançado e endossado pela Code.org ressalta que a taxa de crescimento da demanda por empregos na área da ciência da computação tem se acelerado e o sistema educacional americano não tem sido capaz de suprir esta demanda. Como sempre ocorre neste tipo de comparação, é razoável inferir que no Brasil esta carência provavelmente será ainda maior, ou mesmo muito maior. Se o mercado americano demandará tal quantidade de mão de obra especializada, não há porque supor que tal demanda não seja verificada também aqui em nossas plagas. É quase que imediata a inferência que tais possibilidades abrem para os profissionais brasileiros. O aprendizado de computação não requer hoje, até mesmo no nível mais avançado, recursos elevados ou equipamentos de altíssima tecnologia. Pela primeira vez na história da computação temos à disposição recursos, laboratórios virtuais, softwares e ambientes computacionais extremamente sofisticados que estão à disposição por um custo muito próximo a zero ou praticamente zero em muitos casos. Se você quiser montar um ambiente de testes em uma plataforma de desenvolvimento e testes em alguma linguagem mais avançada e recente, é quase certo que você encontrará, totalmente livre e disponível, sem custo, os softwares necessários à iniciação e para o desenvolvimento até um estágio bastante avançado, incluindo todos os tutoriais necessários, até mesmo em vídeo.
Do ponto de vista dos programadores mais experientes, há hoje uma gama de informações, tutoriais e ambientes disponíveis em profusão. O que faltaria então em nossas praias ? Nossas areias não registram a presença de um item fundamental: Professores especializados. A barreira para desenvolvermos um grande número de profissionais capacitados reside certamente na escassez de profissionais envolvidos com o ensino de Ciência da Computação. Mas não é apenas isto. Temos um grande problema em nossa base educacional, cujo currículo já perdeu a correlação com a realidade do mundo atual. Um olhar sobre nossas escolas, sejam elas privadas ou públicas revela um descompasso entre o que se passa no mundo e o que é de fato ensinado, e como é ensinado. Novamente, nos deparamos com a tragédia educacional determinada pela Orientação-Enem que as escolas vêm imprimindo. O objetivo comum dos estudantes, escola e pais reside na obtenção de uma boa nota no Enem, suficiente para qualificar o aluno para entrar na Universidade Pública e, sobretudo, gratuita. Enfim, é como tirar o prêmio na loteria, a realização do sonho, provavelmente seguido do concurso público. No mundo do século XXI nada está garantido e não parece que isto nos levará muito longe. Ao largo deste sistema, e lançando um olhar sobre os americanos, observa-se que se torna cada vez mais comum o ensino de computação para crianças e adolescentes. Isto não é propriamente um modismo, mas reflexo do desenvolvimento das linguagens de programação, que se tornaram muito mais acessíveis e amigáveis. Se até há alguns anos programar era uma atividade que requeria um extenuante vigor mental, também é verdade que a evolução dos sistemas permite hoje desenvolver códigos empregando linguagens de mais alto nível e que propiciam um nível de compreensão muito mais próximo. A evolução de várias plataformas de ensino, de jogos e aprendizado, além de linguagens mais adequadas ao lúdico permitiram a disseminação de vários programas de ensino da ciência da computação nas escolas ou em cursos particulares. Se é costume e tradição perdermos o bonde da estória repetidamente, abre-se diante de nós a oportunidade, mais uma vez, de embarcarmos em um novo bonde. Se ao invés de nos preocuparmos tanto com o Enem e Pré-sal, e começarmos a ensinar programação para as nossas crianças, colheremos os resultados e frutos deste aprendizado muito mais cedo do que se pensa. Mas nem tudo está perdido, para minha grata surpresa, vi que esse assunto começa a ser discutido na nova novela das sete da Rede Globo de Televisão, a Geração Brasil. Imaginem vocês, uma novela tratando do tema da tecnologia, quem poderia pensar? E no meio da discussão sobre startups e anjos, temas também já desenvolvidos nessa coluna, eis que surge uma ONG propondo o ensino de programação para crianças, em massa. Quisera essa ideia saísse da ficção. Mas você pode se perguntar: e qual a vantagem de ensinar programação para as crianças? E se elas não tiverem vocação para a área? Ora, o ensino da programação não se limita em si. Ao aprender programação desenvolvemos capacidades e habilidades como o raciocínio lógico e a resolução de problemas, sem falar na intimidade com a tecnologia. Como descrito na coluna da semana passada, todas elas muito valorizadas no mundo do trabalho de hoje, quem dirá no futuro. As ferramentas e o conteúdo para a prática da ciência da computação desde a tenra idade estão disponíveis por aí, livremente. Basta apenas a vontade dos pais e alunos, e quem sabe de escolas que primem pela ousadia, porque de políticas governamentais de cunho educacional mal fadadas, já estamos saturados. Quem sabe uma revolução no sistema de ensino de computação não seja o verdadeiro petróleo que tanto almejamos!

Sérgio Sampaio E-mail: [email protected] Consultor de TI da ValoRH. Engenheiro, empresário da área de Tecnologia da Informação, proprietário da IP10 Tecnologia.

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