De todos os estados brasileiros, a Bahia é o que possui a maior população de analfabetos em números absolutos. Esse foi o resultado apontado pelos Indicadores Sociais Municipais do Censo Demográfico 2010 divulgados, nesta quarta-feira (16), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No total, são 1.729.297 cidadãos, com idade superior a 15 anos, que não sabem ler nem escrever- isso equivale a quase 16,6% da população baiana. Em todo o Brasil, os índices chegaram a 9,6% da população, atingindo o quantitativo de 13.933.173. Analisando com mais detalhes o levantamento, as taxas de analfabetismo na Bahia estão majoritariamente concentradas na população que tem mais de 60 anos - cerca de 44% é analfabeta. Logo em seguida, aparecem os adultos que possuem idade entre 40 e 59 anos (22,1%), acompanhada pela faixa etária dos 25 aos 39 anos (10%) e, por fim, os mais jovens - entre 15 e 24 anos - com taxa de 3,7%. "Estamos falando de parcela da população que sofreu com um déficit histórico. No caso das pessoas com mais de 60 anos, em geral, são cidadãos que foram privados do acesso à educação, cresceram, se envolveram com o mundo do trabalho e deixaram de priorizar a formação educacional", explica o coordenador de Disseminação de Informações da Unidade Estadual do IBGE na Bahia, Joilson Rodrigues de Souza. Para ele, o fato desse setor estar disperso pelo território dificulta a aplicação mais eficaz de políticas públicas. Recorte racialQuando o critério observado é a raça, os que possuem as piores taxas de alfabetização no estado são os negros (17,8%), seguido pelos pardos (17,1%) e pelos indígenas (18,9%). No caso específico da população negra, a maior taxa incide justamente sobre os que possuem idade acima de 60 anos (52,1%). Situação semelhante acontece quando observado o grupo dos pardos e dos indígenas - 47% dos que são analfabetos tem idade superior a 60 anos. A população branca e a população amarela apresentam os menores índices com 14,3% e 15% respectivamente. "A gente observa que existe uma diferença muito grande quando se faz um recorte racial. Existe uma diferença enorme na quantidade de negros e pardos na Bahia em relação à população branca. Isso ressalta novamente as condições históricas de acesso à educação por parte desses setores", pontua Joilson. Se for considerada somente a proporção entre o total da população e a quantidade de analfabetos, a Bahia ocuparia a nona colocação. O estado seria ultrapassado por todos as outros oito que fazem parte da Região Nordeste. A liderança nacional pertenceria, nesse caso, a Alagoas - 24,3% (537.538) da população é analfabeta.
Índice por capitais De acordo com o Censo, Salvador é a quarta capital no ranking do analfabetismo, com 84.204 pessoas que não tiveram acesso ou não concluíram à formação educacional básica. A capital baiana perde apenas, em números absolutos, para São Paulo (283.472), Rio de Janeiro (147.549) e Fortaleza (131.828). Nos resultados, a população negra se destaca com o maior percentual, 5,3%, (32.362). Em números absolutos, os pardos possuem a maior quantidade, 41.222, o que representa 3,8%. As populações indígenas e amarela, que vivem na capital baiana, apresentam taxa de analfabetismo de 4,5%. Os brancos aparecem com apenas 2,2%, que representa 9.080 pessoas. A equipe de reportagem entrou em contato a Secretaria de Educação da Bahia para comentar os dados, mas ainda não obteve resposta. Leia TambémDos dez municípios com maior concentração de negros no país, oito são baianos
Bahia possui o maior número de alfabetos do Brasil |
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