Após demitir funcionários e até mesmo ameaçar sair da Bahia, a fábrica de calçados da Vulcabras/Azaleia, em Itapetinga, a 580 quilômetros de Salvador, recebeu ontem uma boa notícia. O governo da Bahia, através do Banco do Nordeste (BNB), conseguiu um financiamento de R$ 64 milhões para ampliar a escala de produção da empresa e reduzir custos. Segundo o secretário do Comércio, Indústria e Mineração (SICM), James Correia, a empresa já voltou até a contratar os funcionários que vinha demitindo desde fevereiro. Foram cerca de 3 mil empregados. “Eles precisam aumentar muito a escala de produção para ficar com um preço mais competitivo”, argumentou o secretário. Procurada pelo CORREIO, a assessoria de comunicação da Azaleia declarou que a direção da empresa não iria se pronunciar sobre o assunto. Correia comentou que, apesar do Brasil já ter tomado medidas para impedir que a entrada de calçados chineses “quebrem” a produção nacional, a China está praticando triangulação. Isso nada mais é do que enviar aos mercados estrangeiros os componentes para montar o sapato em outros países, ou seja, uma estratégia para driblar as medidas protecionistas.
O resultado é que uma fábrica como a Vulcabras/Azaleia já ameaçava deixar o estado e cerca de 18 mil funcionários sem emprego por causa desse cenário. “Estávamos muito preocupados com a situação da população de Itapetinga. Aqui era uma cidade que vivia da pecuária extensiva, que em uma fazenda emprega três pessoas. O que íamos fazer com toda essa gente que perdesse o emprego na fábrica?”, indagou João Carlos Moura, prefeito do município. Ele confirmou que a Vulcabras/Azaleia já iniciou as recontratações. Brasil A notícia sobre a concessão do financiamento foi divulgada ontem pelo secretário Correia durante o pré-lançamento do Encontro de Comércio Exterior – Encomex, no Sebrae. Presente ao evento, Tatiana Lacerda Prazeres, secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, afirmou que o governo federal está tomando medidas para impedir que a China continue com as práticas de dumping, isto é, reduzindo preços até abaixo do custo para derrubar a concorrência e depois voltar ao preço anterior. “O governo está atento às importações desleais. O Brasil é um dos principais países em medidas antidumping, com 79 em vigor e 45 investigações em curso”, comentou. Ela acrescentou que a triangulação no setor de calçados também está sendo investigada, mas esse trabalho pode durar até um ano. Solução Correia acredita que a solução seria adotar medidas preventivas para todos os calçados vindos da Ásia, já antecipando a configuração de dumping no caso de países suspeitos. Essa possibilidade já está prevista na legislação internacional, que fornece todos os fundamentos para a legalidade dessa atitude do Brasil. “Tem que ser feito, porque isso afeta o Brasil inteiro. Nós achamos que, para a nossa necessidade, esse processo está sendo muito lento”. Ministério traz Encomex para BAA secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, veio ontem a Salvador para o lançamento do Encontro de Comércio Exterior (Encomex), evento realizado pelo Ministério do Desenvolvimento e Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O Encomex ocorrerá nos dias 3 e 4 de agosto, no Centro de Convenções, com o tema Desenvolvimento e Competitividade - Refletindo uma Estratégia de Governo . As inscrições estão abertas através do site (www.encomex.mdi.gov.br). A secretária enfatizou que espera uma participação maior de pequenos e médios empresários, já que a programação foi elaborada para atender a esse segmento. “Além das palestras e oficinas do Encomex, a proposta atual fortalece as rodadas de negócios e os encontros empresariais, com o showroom de empresas exportadoras”, adiantou Tatiana Prazeres. Ela também apresentou um panorama do comércio exterior na Bahia. O estado bateu o recorde em exportações e importações neste primeiro semestre, com um aumento de 32,6% nos produtos exportados e de 29,6% nas importações, em relação ao mesmo período do ano passado. Mesmo com o cenário positivo, a secretária disse que a Bahia ainda tem um potencial de exportação muito grande a ser explorado. Citou como exemplo a fruticultura, que exporta o equivalente a US$ 100 milhões por ano, quando a demanda mundial é calculada em US$ 57 bilhões. Os produtos que mais se destacam na pauta das exportações baianas são o petróleo e derivados, veículos, peças e produtos metalúrgicos. “Queremos fornecer uma boa base de informação para que pequenos e médios empresários tenham acesso ao mercado internacional”, disse a titular da Secex.
Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior: ‘A Bahia ainda tem um potencial de exportação grande’ |
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